terça-feira, 17 de setembro de 2013

FALANDO DE G.M.G – Afinal qualquer GMG serve para alimentar um CPD ou Cargas não Lineares ?

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FALANDO DE G.M.G – Afinal qualquer GMG serve para alimentar um CPD ou Cargas não Lineares ?

Estou escrevendo mais tópico relacionado a minha área de atuação. Ocorreu-me escrever este tema depois que um determinado cliente, desistiu de um projeto proposto e dizer que iria comprar um pequeno GMG de 5 Kva para alimentar a área de informática. Tempos depois, acabei sabendo que ele tinha problemas de recursos para o projeto e resolvera fazer algo bem mais barato.
Não tenho a pretensão de falar de projetos ou aspectos construtivos destes equipamentos, um assunto de outra área, mas sim dos aspectos funcionais perante as cargas sensíveis.

Então vamos a questão, qualquer GMG (Grupo Motor Gerador) serve para alimentar um CPD, Acionamentos industriais, Retificadores para Telecomunicações e cargas não lineares em geral?
A resposta é não.

Não é qualquer GMG que serve para alimentar cargas não lineares, explicados ao longo do texto, “os porquês.”

 De forma simples podemos dizer que, cargas não lineares são cargas pulsadas na onda de corrente, distorção na forma de onda da tensão e, por conseqüência, oscilações na tensão e na freqüência dos GMG´s não adaptados para esta aplicação.

A) Os pequenos GMG vendidos até na internet:

Então estes pequenos GMG a gasolina vendidos como sistemas de emergência de baixo custo são uma farsa?
Obviamente que não estamos dizendo isso, o que estamos dizendo é que este e os grandes GMG de uso Industrial nem sempre servem para aplicações com cargas não lineares.

Os pequenos gerados servem para alimentar cargas de forma geral, residencial, iluminação cargas bem mais lineares que não ocasionem oscilações no sistema.
Mas isso não é tudo, a forma de onda que um pequeno GMG desses, apresenta uma onda que não é bem senoidal e isso, pode ocasionar aquecimentos dos dispositivos de filtros na entrada das fontes. As oscilações podem ocasionar sobre tensões e sub-tensões indesejadas podendo gerar problemas nos equipamentos mais sensíveis.
Eu não recomendaria um uso destes equipamentos para um CPD.

B) Falando dos grandes GMG de uso industrial;

É um sistema que na maioria das industriais, prédios em geral, grandes eventos alugam e utilizam construção civil e muitos outros.
Os  produtos de última geração tem ate dispositivos de paralelismo com a rede. Conseguem outros de maior porte, até dividem reativos ou mesmo a carga com a rede, um avanço tecnológico sem dúvida. Na maioria das vezes perfeito, é o que mais se encontra em locações para usos emergências ou por curto período em obras, por exemplo.

Então porque eu disse que eles também podem não se aplicarem para cargas não lineares?

Se você tem um grande investimento, de grandes No-breaks para CPD, um site de telecomunicações, uma linha de acionamentos indústrias com muitos conversores, então um sistema de uso industrial pode não ser suficiente.
Vocês não imaginam a deformidade, os buracos, que aparecem nas fases, principalmente nas senóides dos harmônicos de terceira e quinta grandeza. Mas isso é o de menos, o pior e ver o motor oscilando, variando a freqüência muito além do aceitável.
Então para este tipo de aplicação de cargas não lineares existem os sistemas padrão Telecom.

C) Os GMG´s padrão Telecom.

Diferenças entre o padrão industrial e o padrão Telecom.

A primeira diferença esta no Gerador em si. Este tem um projeto especial na confecção para este tipo de uso. Sua excitatrix é regulada por controlador de alta velocidade (AVR), mantendo sempre a tensão de saída, com ou sem carga, dentro de valores muito mais estreitos e estáveis.
Um segundo ponto, é o controlador de velocidade eletrônico que controla a injeção de combustíveis no motor. Ele é muito rápido para responder a variações da carga mantendo a freqüência muito mais estável. Desta forma se torna propício para uso em cargas não lineares ou pulsadas que normalmente causam oscilações no sistema.
Outra coisa importante para sistemas que não podem parar é levar sempre em consideração as situações de manutenção dos no-breaks, mantendo o sistema operando sem paralisar as operações normais da informática ou da infra-estrutura.
 Os No-breaks têm um sistema de sincronismo com a rede. Estes funcionam de duas formas; pela freqüência e pela diferença de tensão. Um sistema que oscile vai causar um bloqueio de transferência de carga entre esta duas fontes ou até, se ocorrer, podendo derrubar a carga por rejeição. O uso do tipo padrão Telecom vai garantir que o sistema seja estável e se afaste esta possibilidade citada acima.

Vejam este texto pinçado da Ebah geradores, publicado na internet;

“Gerador GPA com Excitatriz Auxiliar PMG. ESCOVAS PARA APLICAÇÕES ESPECIAIS
TELECOMUNICAÇÕES - Os geradores para Telecomunicações devem ser especificados conforme a norma ABNT NBR 14664. As aplicações mais comuns são grupos diesel de emergência para centrais telefônicas, estações base de telefonia celular, repetidoras, radares, sistema de rádio, aeroportos, etc.
Vantagens: - Não utiliza escovas e porta-escovas conseguindo-se com isso, manutenção reduzida;
- Não introduz rádio-interferências ocasionado pelo mau contato de escovas;
- Deformações na forma de onda gerada, provocada pelas cargas, não interferem na regulação, pois o regulador é alimentado por bobina auxiliar, independente da tensão de saída do gerador.
Principais características técnicas especificadas pela ABNT NBR 14664 (Grupos geradores – Requisitos gerais para telecomunicações): - Reatância sub-transitória de eixo direto (Xd") menor ou igual a 12%;
- Distorção harmônica total fase-neutro em vazio menor ou igual a 3%;
- Precisão da regulação de tensão + 2% para qualquer valor estável de carga não deformante com fator de potência entre 0,8 e 1,0;
- Transitório de tensão para degrau de 100% da carga: +10% da tensão nominal;
- Variações de + 1% na rotação do motor diesel, não devem prejudicar a regulação da tensão;
- Faixa de ajuste da tensão nominal através de potenciômetro: +/- 15%; - Deve possuir resistor de desumidificação.
Outros dados indicados na norma como o tipo da USCA , aquecimento para partida a frio etc..
Dados : Ebah- Weg “
Então quer dizer que o uso de GMG padrão Telecom é a solução para qualquer aplicação de GMG?

Em tese sim. Mas têm projetos que se deve olhar com atenção quais os tipos de cargas de todo conjunto e definir também o tipo de motorização.
Tipo de equipamento muito mais caro,  sempre vale avaliação criteriosa do projetista. Entre elas o tipo de motorização do conjunto . É importante quando se tem cargas muito reativas com picos de corrente que atinjam as proximidades da capacidade máxima do sistema. E isso, se se define com motores turbo-comprimidos ou bi- turbos comprimidos.
Os motores bi-turbos a carga tem que ir subindo aos poucos ate atingir o valor pleno. Se for dado degrau de carga muito elevado, os turbos ainda não estarão operando a pleno e poderá desligar o sistema por falha de freqüência ou sobrecarga.
Isto eu aprendi com um Eng. da Caterpillar que veio há muito tempo atrás ver um problema num grande Banco que tinha trocado um GMG de 1,5 MVA por outro de 3 MVA. O primeiro tinha um motor de 16 cilindros e um turbo, funcionava quase sempre a beira da sobrecarga. O segundo foi um investimento do cliente na época, dobrando a capacidade do GMG. O novo tinha um motor de 12 cilindros Bi-turbo, no entanto não aquentava a carga mesmo tendo o dobro da capacidade do anterior. Ninguém aqui no Brasil descobria por quê? Foi aí que a Matriz da Caterpillar mandou vir um Engenheiro que estava de serviço pela América do Sul, ele de cara descobriu a causa. Como se diz na gíria, matou a cobra e mostrou o pau. Ele deu as explicações ditas acima que exigiu temporização para entrada das cargas mais pesadas. Na época eu tive que modificar a eletrônica dos retificadores dos 3 No-break´s de 300 Kva para que, cada um entrasse de 10 em 10 segundos. O pessoal do ar condicionado fez o mesmo, de forma que cada unidade entrasse seqüenciada. Com isso foi resolvido um problema que se arrastava a mais de 6 meses.

Numa outra ocasião quando ainda trabalhava com Fontes de Telecomunicações. Realizávamos o teste de aceitação de campo e simulava-mos falta de energia, utilizando carga de teste. Quando o GMG entrava e os Retificadores forneciam  grande corrente para as baterias também, este oscilava de uma forma muito acentuada que se percebia fortemente nas lâmpadas de iluminação.
O pessoal da fornecedora trocou placas do regulador de velocidade e do AVR e nada de resolver o problema. Um colega me disse em bate papo, num dos retornos programados a sede em S. Paulo;
- J.A. deve ser porque a bomba injetora foi ajustada para caminhão, isto é, para consumo mínimo de combustível. Pede para o mecânico da empresa abrir mais o lacre ou pedir para o laboratório deles deixar a injetora consumindo mais...

Então amigos, nem sempre o que parece certo às vezes funciona. A experiência dos profissionais envolvidos tanto no projeto como no startup pesa muito e pode dirimir dissabores perante o cliente final.



J.A

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