terça-feira, 17 de maio de 2016

A VOLTA DE UM PIONEIRO E TRADICIONAL DO MERCADO DE NO-BREAK´S.

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A VOLTA DE UM PIONEIRO E TRADICIONAL DO MERCADO DE NO-BREAK´S.

Um tradicional e pioneiro no mercado brasileiro na fabricação e fornecimento de no-breaks esta de volta..
Tudo indica que o movimento feito pela MGE pertence ao Grupo Scheinaider em adquirir o controle da APC tenha levado ao Grupo ABB voltar. Se posicionando novamente neste seguimento em oposição a concorrentes globais.

Todos devem estar lembrados do anuncio em que a APC, fabricante americano de pequenos no-breaks´s se expandia no mercado mundial, adquirindo a Silcon na Europa e no Brasil comprando a carteira da ABB. Se aventurando, portanto, nas grandes capacidades de no-break´s. Posteriormente se expandindo ainda mais. Adquirindo o controle da Gutor na Escandinávia e no Brasil comprando a Microsol, empresa cearense.



Movimentos este que no mercado mundial não passou despercebidos pela concorrência, sem contar ainda a entrada no mercado nacional de produtos asiáticos de baixo custo.
 Também médios fabricantes como a Delta, um assunto para vermos mais ao fim deste tópico.
Outro gigante do mercado, o grupo americano Emerson adquiriu a Chloraide outro tradicional fabricante europeu de no-break´s.

Voltemos ao assunto do tópico.

Vamos regredir no tempo e conhecer um pouco da história deste tradicional fabricante no mercado nacional. Para tanto voltaremos aos anos 70 inicio dos 80. Ao tempo do Regime militar no Brasil e do chamado "milagre brasileiro".
Naquele período o grupo Sueco ASEA se estabelecia no Brasil com uma fábrica de transformadores, equipamentos para subestações e uma unidade de relés em Guarulhos-SP. Veio então, o projeto da Usina de Itaipu, com isso veio à expansão, obrigando ao grupo instalar uma unidade de indústria em Itapecerica da Serra-SP, eram tempos da reserva de mercado sendo necessários sócios nacionais.
Grandes projetos siderúrgicos, Plantas de papel e Celulose, Plantas de Cimento e até mineração, alavancaram a nova unidade, fornecendo acionamentos indústrias, motores e painéis elétricos.

Abro um parêntese para novidades tecnológicas e construtivas que beneficiavam em muito a manutenção.

“Seus painéis e armários eram modulares, utilizados por todas as áreas, seguindo um padrão inclusive de cor. De um simples CCM, adicionando módulos poderiam servir para um Conversor, um no-break ou até um QGBT. Furação numeradas na altura e identificação por letras na profundidade permitiam uma rápida identificação dos componentes internos. Fixação de tampas e portas nestes mesmos módulos por dispositivos padrões universais. Para facilitar ainda mais a montagem os parafusos tinham um chanfro e as porcas retangulares garras para se obter um boa conexão elétrica entre as partes. Os parafusos de fixação do teto na parte lateral e posterior eram de teflon, funcionando como um dispositivo anti explosão, caso ocorresse, elevando o teto e não abaulando portas e tampas.
No caso do no-break, seu retificador era na essência o mesmo utilizado em acionamentos industriais com pequenas mudanças. Os racks da eletrônica eram basicamente os mesmos do computador de controle em processos industriais, portanto um processo econômico com armazenamento de peças de multiusos e universais, otimizando custos. “

Já no final dos anos 70 e inicio dos 80, a grande expansão das telecomunicações tinha chegado ao fim e uma nova oportunidade chegava ao mercado, o computador. 
As empresas passaram a utilizar esta nova ferramenta que agilizavam tarefas contábeis e processos administrativos. 
Fabricante como Cobra, Cid, Edisa, Ronuel Bull, Itautec entre outras necessitavam de energia estável. Surge então na outra ponta da indústria o fabricante de estabilizadores como a Saturnia, BK entre outros.
E nos grande CPDS os chamados Main Frame como se viravam com uma rede precária muitas vezes...
 Alguns utilizavam os chamados no-breaks´s rotativos e outros até estabilizadores.
Foi neste contexto que os suecos trouxeram e disponibilizaram no mercado os primeiros no-break´s estáticos.
Foi um sucesso, seus primeiros clientes foram o Banco do Brasil S.Paulo e Rio que adquiriram cada um, sistemas com 4 unidades de 200 em paralelo redundante com rede reserva em by-pass.
Procergs – RS com 3 unidades de 240 Kva paralelo redundantes.
Bamerindus com 2 unidades separadas de 240 kVA com by-pass
Banco Mercantil Finasa com 2 Unidades de 240 kVA em paralelo redundante e rede reserva.
Bolsa de Valores S. P – Uma unidade singela de 150 kVA.
Atlântica Boa Vista uma unidade singela de 150 kVA.
Grupo Pão de Açúcar uma unidade de 150 kVA
CPFL e Proceda eram outros que me lembro.

A primeira geração de no-break´s ASEA utilizava tiristores no inversor com a técnica de comutação natural, ou seja, quando um ciclo de comutação termina e inicia outro, este outro ao ser acionado apaga o anterior.
Uma técnica interessante, pois utilizavam também as bobinas primarias do trafo de saída e os capacitores de filtro como um sistema ressoante.. Para manter a estabilidade em função da variação de carga, duas pontes auxiliares também eram utilizadas como um filtro ativo, uma trabalhando a 30 graus elétricos e outra a 90 graus elétricos. Uma operando como inversora e a outra como retificadora.

Máquinas muitos robustas que funcionaram na Procergs por quase 35 anos. Tinham contra si os sistema de bloqueio da ponte principal ou apagamento, quando isso ocorria por uma falha de comutação ou curto. Quase sempre arrastavam as outras que estavam no paralelo. Para resolver isso, os suecos criaram uma chave estática de neutro para o trafo de saída. O sinal de defeito também abria o fechamento em comum dos neutros em cada bobina, enquanto a contactora de saída estava também sendo aberta, evitando o problema citado acima.

Logo em seguida a Saturnia passava a trazer os no-breaks´s da Exide, máquinas de segunda geração, funcionado por defasamento angular e também por largura de pulso embora tiristorizadas. Com esta nova tecnologia a Saturnia e também, avançou no mercado dos grandes CPDS.

Os Suecos da ASEA responderam com uma máquina de terceira geração. Eram equipamentos choperizados, ou seja, tinham os 3 inversores controlados pela tensão do link DC.
Com esta tecnologia voltaram a crescer no mercado, fornecendo equipamentos para o Bradesco (Comind), BCN, Banco Auxiliar, Banespa, Petrobras, Varig (Eram 3 x 300 kVA em paralelo), Credicard, Bamerindus, Telern, Ródia, Banco do Brasil BH, CESP, Rede Ferroviária (Juiz de Fora - MG) entre outros.



Quando a Engenharia da ASEA já nos anos 90 já tinha terminado todos os testes do protótipo de um no-break transistorizado e já se preparava para disponibilizar com um equipamento avançado de muita tecnologia, mas caro, ocorreu uma reviravolta na empresa. Veio a fusão a nível mundial dos Grupos ASEA e Brown Boveri, formando um novo gigante no mercado eletro-eletrônico, geração e transmissão de energia, o novo grupo ABB.
Como as empresas produziam equipamentos similares, formas definidos quais equipamentos seguiriam e quais seriam descontinuados.

No setor de no-break foi definido que a maquina a ser comercializada será a da BBC, que tinha preços bem competitivos e também eram confiáveis, abandonando o projeto da ASEA.
O centro de tecnologia passou para a Suíça e no Brasil já existia uma fabrica em Barueri, portanto os novos no-break´s do grupo ABB. As fabricas de Barueri e de Guarulhos dentro da planta ASEA forma unidas em uma Unidade na planta de Osasco.
Também neste período, o grupo ABB compra toda a transmissão da Westinghause e empresas controladas no pela divisão.

No-break ABB-Tecnologia da Brown Boveri- séries ES e EG




O tempo passou e os novos gestores da área de indústria acharam que não seria viável montar um laboratório de tecnologia e desenvolvimento como tinha na antiga ASEA. Acharam melhor fazeram uma parceria com uma empresa que detivesse tecnologia. Então fecharam um acordo comercial com a Solla Elétrica na Itália e passaram a montar e fabricar estes novos no-breaks´s que receberam o nome de P3 e PX4. Outros fornecimentos especiais passaram a utilizarem tecnologias européias como a da Gutor por exemplo.
Spedctron P3
PX 4

Já quase nos anos 2000, um negócio desastrado nos EUA, obrigou o grupo ABB a se encolher, vender ativos, desfazer de unidades que não fossem o meio fim. 
Neste caminho seguindo , com o passar dos tempos veio a APC para o mercado brasileiro e a compra da carteira da ABB no mercado nacional. Com isso um tradicional e pioneiro do mercado sai de sena.

Como dissemos no inicio, estaremos comentando sobre as tendências que agitaram o mercado de no-break´s.

As crises financeiras que sacudiram o mundo, os avanços dos asiáticos sobre setores produtivos de outros continentes levaram a fusões, incorporações e até fechamentos de empresas.

O médio fabricante americano que atuava mais no seguimento dos pequenos resolve se expandir no mercado global. Eles compram a Silcon na Europa e mais tarde adquirem o controle da Gutor. No Brasil eles compram um fabricante de pequenos no-breaks e estabilizados chamada Micro Sol no Ceará.
Como disse anteriormente, movimentos que não passam despercebidos pelos gigantes do mercado.

O Grupo Scheinaider através de sua Divisão MGE resolve não partilhar um mercado que já este competitivo e difícil. Eles compram a APC e também avançam sobre o fabricante gaúcho CP Eletrônica adquirindo o seu controle.


O Grupo americano Emerson responde, comprando na Europa a Chloraide.
É cobra comendo cobra.


Penso eu que talvez estes movimentos tenham levado a volta da ABB ao mercado nacional, principalmente por ter um mercado fortemente dominado por concorrentes globais. Vai ser difícil recuperar algo perdido por mais de 20 anos, no entanto, se tiver preço será mais um no mercado e chora menos quem pode mais.

A cerca de 3 anos aproximadamente a ABB anuncia a volta ao mercado brasileiro com o fornecimento de no-breaks, importados de seu centro de tecnologia na  Europa..

ABB disponibiliza sistema modular com dupla conversão online

2016-04-25 - Companhia oferece uma gama completa de produtos de proteção de energia para garantir fonte de alimentação elétrica limpa e contínua
A volta de um pioneiro e tradicional que tive a honra de trabalhar por quase 20 anos. Falo um pouco sobre como se distribuiu o mercado dos grandes no Brasil.

Fonte:


Arquivos de artigos no Fórum Adrenaline.

Fotos e imagens disponibilizados na internet.

J.A.