Defeitos provocados o terror dos técnicos 7 - UCCA, um estabilizador que deu tabalho
Muitas intervenções técnicas têm por causa, defeitos provocados de forma involuntária ou até mesmo de forma premeditada. Para as duas situações, muitas vezes é de difícil diagnóstico e os reparos podem se estenderem por longo tempo, gerando desgastes, desconfianças,custos de toda ordem e muitas vezes perda de confiança junto ao cliente final.
E quando o furo é projeto , a bomba estoura na mão de quem esta comissionando ou dando assistência técnica.
FALHA DE PROJETO - 3
UCCA E URV – ESTABILIZADORES QUE INCOMODARAM MUITO.
Este é mais um caso do tempo de Saturnia, onde os protagonistas foram o projetista, Carlos e o amigo aqui escritor de araque.
Naquele tempo que o milagre brasileiro chegava ao fim, o setor de Telecom ruía com ele. Outras opções eram necessárias para que as industrias do setor sobrevivessem. Um novo mercado se abria, no setor de computadores. Crescia a quantidade de Empresas que produziam estes equipamentos como por exemplo; Cobra,Sisco,Edisa, Scopus, Honeywell Bull , Sid e muitas outras. Sem contar as grandes do mercado como a gigante IBM e Burrows, hoje. Unisys.
Para atender este mercado dos pequenos a Saturnia passou a produzir seus primeiros estabilizadores de tensão, eram conhecidos como UCCA – Unidade de controle de corrente alternada. Mais tarde este nome mudou para URV – Unidade Reguladora de Voltagem.
Dominava o mercado, a gaúcha BK e a paulista Amplimag. A primeira com um estabilizador por degraus com vários trafos reguladores em séria com a linha, conhecidos como (TA´S) e a segunda com um tipo linear ,utilizando uma espécie de booster a tiristor em série com a linha e um filtro de saída para recomposição da senoide.
O amigo Carlos, fez um projeto tap change diferente para época, hoje vários fabricantes utilizam este processo no Brasil. Consistia de apenas um trafo em série com a linha ( booster),com um secundário de alta impedância tendo um center tap comum para os lados A e B. Um auto-trafo com varias derivações utilizando chaves a tiristor. Faziam a seleção de tensão e correção ao ser inserida neste secundário do trafo, níveis que correspondessem a 10% para a correção priomária. Por exemplo; A cada 30 volts correspondia a 3 volts de adição ou subtração primária.
Neste secundário , os extremos ( A e B ) possuíam chaves eletrônicas de forma que ; Fechando A contra o CT, em fase, teríamos uma soma. Fechando B contra o CT , em contra fase,teríamos uma subtração.
Os problemas principais tiveram inicio quando começaram a serem produzidas as máquinas de médio e grande porte. O Neutro passou a ser um fator importante, pois era comum geral, ou seja para a potência e para a a correção eletrônica.
Em muitas instalações praticamente um fio de referencia era disponibilizado pela maioria dos clientes, isto ocasionava oscilação de chaveamento e gerando muitas sobretensões internas, sendo, portanto, fator para muitos problemas. Convencer clientes que o cabo de neutro tinha que ter o mesmo dimensional das fases era sempre difíceis. Quando as distância eram longas pior ainda.
Mais nenhum deles foram tão problemáticos como os casos da inauguração do Shopping Eldorado –SP e da CODEPLAN em Brasília.
Na inaugurção do Shopping Eldorado, o URV baixava sua tensão à medida que as cargas dos caixas NCR iam sendo ligados, até desligar por tensão baixa na saída,transferindo para by-pass. Cheguei à conclusão que as fontes chaveadas dos caixas, causavam uma distorção na senoide e isso, ocasionava um erro no comparador da eletrônica. Este fato inusitado, me lembro bem , levou a acompanhar o problema o Dir. Técn. da época, o Professor Nilson . Carlos teve que mudar seu projeto de como era feita a amostragem da tensão , transferindo o filtro capacitivo de entrada para o RC do primeiro comparador, de forma que a tensão de pico do harmônico, não gerasse o erro.
Mais o caso CODEPLAN , foi a situação mais emblemática naqueles tempos,o bixo pegou mesmo e tive que fazer as modificações baseadas no meu conhecimento técnico.
A CODEPLAN adquiriu um estabilizador de 75 kVA para alimentação do seu CPD. No start- up foi tudo uma beleza
pois não existia carga . Tempos depois quando a IBM passou a fazer os ensaios e entrega do CPD, aí começaram os problemas. Alem da queima de fusíveis que alimentavam as chaves eletrônicas, ocorriam danos na placa de comando e proteção e até, um ou outro tiristor entrava em curto. 

Algo parecido já tinha sido observado em outro locais, então Carlos montou um pequeno sensor com um relé de 12 Vdc , para que, numa situação de trocas contantes, o relé atuasse , jogando a carga no by-pass. Após um tempo, o RC em paralelo com a bobina do rele se descarregava e ele desatracava voltando ao regulador .
Levando a tiracolo um novo sensor deste, partimos de Sampa para Brasilia, a intenção era que não queimasse mais fusíveis que desencadeavam mais problemas no arco gerado e centelhamentos internos nos fuse-sensores. 
Um grande engano!
A rede na região oscilava muito, nos momentos em que estava operando normal podia se escutar as pancadas de corrente no indutor que limitava os chaveamentos e quando menos se esperava abria um fusível de proteção.
Observei que neste momento sempre danificava as portas lógicas que detectava a queima de fusíveis dentro da eletrônica de comando e proteção. Na realidade, em paralelo com cada fusível principal tinha um auxiliar com contatos para sinalização. O ruído do arco voltaico dentro destes auxiliares, de alguma forma induziam sobretensões que danificavam as portas lógicas.
Tomei duas providencias , mandei fabricar mais 3 indutores de limitação da comutação, a intenção era de limitar ainda mais a corrente de chaveamento e mandei vir ainda, Zener´s de 11 Vdc para colocá-los junto às entradas lógicas dos 4011 e 4001. 
Enquanto em S.Paulo providenciavam tudo isso, já estando há quase uma semana na capital federal,fiquei quase 20 dias no total, passeando pela bela Brasília e até dei uma força para um amigo que comissionava a Fonte DC da central de Ceilândia.
Muitos anos depois, quando trabalhava na ASEA , fui fazer uma corretiva no No-break de 150 kVA deles, deu uma passada no subsolo para ver o velho amigo. O encontrei encostado num canto aquele amigo de guerra e de lutas passadas.
A minha solução foi utilizada depois com o uso de dois indutores e mais tarde um especial com mair indutância!
Hoje, tenho observado o uso de resistores em série com as chaves eletrônicas e outros com o uso de trafo isolador e não auto trafo no de correção.
J.A.
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