quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A propósito do tópico anterior - No-break King Kong

A propósito do tema anterior, pode parecer um absurdo fazer um no-break de 15 Kva com uma tensão no link dc de 48 VCC. Todos falam da reserva de mercado da informática, lei publicada em 1984. Mas por trás do crescimento vindo do governo militar, tinha outra reserva de mercado, só poderiam participar das grandes obras deste país empresas que tivessem 51% do capital nacional. Ora isso, ocasionou que as grandes empresas mundiais de infra estruturas e tecnologias se juntassem com o capital nacional para criar empresas com capacidade para entrar nestas licitações e não perder aquele grande “bum” de crescimento que o país experimentava. , final dos 60, anos 70 e inicio dos anos 80. Neste período foi o de maior investimento na infra estrutura de telecomunicações, das grandes hidroelétricas e suas imensas rede de distribuição, subestações, investimentos em siderurgia em rodovias e portos entre outros.
Não existiam empresas com grande tecnologia para fazerem, por exemplo, no-breaks tiristorizados. Esta tecnologia era só para o primeiro mundo. O que se tinha aqui eram os conversores para telecomunicações, usando transistores do tipo 2 N3055, IR 108 e 109 T2 e similares.



Os engenheiros de desenvolvimento e projetos quebravam a cabeça para fazerem equipamentos funcionais que atendessem as especificações. No caso em questão, um conversor aditivo trabalhava numa freqüência acima de 400 Hz, nem aquecia muito os dissipadores. Agora comutar transistor para um No-break numa freqüência de 60 Hz, (períodos de 16,6 ms) era outra coisa. O que mais se adaptava era uma condução em onda quadrada por cada semi ciclo de 8,3 ms, de forma a fazer com que estes componentes trabalhassem na saturação e diminuindo o aquecimento. A conseqüência sempre era sistemas de arrefecimento e filtro muito grande na saída para transformar essa onda em senoidal e dissipar o calor térmico gerado neste processo. 
Muitos absurdos ocorriam e retrabalhos era uma constância. Tive 4 casos marcantes em que ajudei muito à antiga Saturnia no desenvolvimento de novos equipamentos. Lembro das máquinas de sinais eletrônicas (telefônicos), para a NEC. Estabilizadores de tensão com um único booster de controle por fase, uma novidade lançada no mercado da época. Mas os dois deram muito trabalho, Foram  noites passadas dentro de centrais telefônicas e dias no interior da Brasil reparando estabilizadores. Destes, o mais bizarro, foi um sistema fornecido junto com centrais NEC para o Banco do Brasil. Naquela época, um fonte CC de 100 A se não me engano e junto um conversor de +48 Vcc para alimentar o sistema crossbar da central. Este conversor pegava – 48 da alimentação geral e transformava em + 48 numa corrente operacional de 10 A. Tudo ia indo bem até iniciar os testes de aceitação. Exigiram que colocasse a fonte em tensão de bateria mínima e verificasse se o conversor mantinha os + 48 Vcc. Que nada não tinha regulação alguma, caia junto. Depois colocamos a fonte em tensão mais alta, a de recarga de baterias e tal conversor subiam a tensão também, putz! Passei vergonha. O projetista fez um inversor fixo, retificou a tensão e colocou um estabilizador de fonte muito convencional tipo, seguidor de emissor. Não deram certo, os caras tiveram que projetarem algo novo que funcionasse dentro das especificações exigidas.
Era assim, aquele tipo de reserva do mercado, que queria proteger a indústria nacional e, ao mesmo tempo, que ela se capacitasse perante as estrangeiras. Deu certo resultado no inicio, no curto prazo, mas no longo prazo a tecnologia sempre permaneceu com as empresas estrangeiras que investem muito mais em pesquisa, modernização e tecnologias mais eficientes.  
Era comum empresários brasileiro irem até as empresas de energia de potencia eletrônica com alguma sugestões de terem visto fora do país, uma máquina similar a dele, funcionando com um dispositivo eletrônico que aperfeiçoava o processo fabril.
Certa ocasião, num típico caso destes, estive em uma empresa na região de Santo Amaro instar um equipamento de nome CAC. Que coisa estranha nunca tinha visto algo parecido. Tratava-se de uma chave estática controlada para alimentar um sistema de tempera. Naquela época a vazão do líquido determina a tempera. Com o CAC esta vazão seria constante e eles controlariam a tensão AC variando a potencia da válvula de rádio RF.
 Isso é para se ter ideia da genialidade de muitos profissionais da época, com os poucos recursos que tinham, faziam muito.
Os no-breaks´s disponíveis de grande capacidade eram os chamados rotativos , usados pelas grandes infra estruturas de CPD´s. Isso durou até o final dos 70 quando as grandes tecnologias de no-break´s passou a entrar no mercado, muito por pressão dos grandes fabricantes de Mainframe.



Este No-break da foto abaixo,pertenceu ao processamento de um estado da federação e junto com ele, o principal banco do país e outras instituições que possuíam grandes CPD´s adquiriam esta tecnologia da Suécia. No caso uma máquina de 240 Kva rodando em paralelo com duas iguais.



Um trabalho danado para as equipes de assistência técnica que tinham que carregar sobressalente e realizar os reparos em loco, trocando componentes, não existiam a troca de placas, era tudo no conhecimento puro da Eletrônica , não tinha lugar para chutadores, enroladores e vagabundos.
Tempos idos que agora ficou no passado e de vez em quanto um maluco vem a contar...
O domínio é da informática em todos os aspectos, alguém diria que os dois no-breaks´s da foto abaixo, são de 12 Kva e rodam em paralelo redundante? E mais, cada um pesa menos de 10 Kg, comparado ao King Kong que pesava mais de 1 tonelada para fornecer 15 Kva é quase um milagre da ciência.




J.A.

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