Mais um caso relacionado a problemas de projeto
FALHA DE PROJETO - 2
MAQUINA DE SINAL ELETRÔNICA INCOMODANDO ETEPEANO.
Este caso ocorreu ainda no tempo de Saturnia, onde os protagonistas foram o projetista, Carlos e o amigo aqui,escritor de araque.
Muitos escutam o sinal de um telefone tocando, os sinais de linha, um tom continuo. O sinal de ocupado,o de um telefone que não existe entre outros. Sempre fica a pergunta, porque não cai a ligação quando se levando do gancho o telefone em meio ao ring ( sinal de chamada ). Como isso tudo acontece? Será que é a própria central que gera tudo isso?
Bem, há pouco tempo atrás as centrais telefônicas eram a reles e os sinais de tons telefônicos eram gerados por uma máquina rotativa. Outro fato relevante, era que nestes tempos ocorria uma restrição governamental a entrada de certos tipos de equipamentos, onde existisse similar nacional, portanto, era grande o numero de multinacionais que só montavam os painéis aqui, o miolo vinha todo de fora.
O grupo NEC e a Saturnia firmaram uma parceria para fornecimento de fontes e junto fizeram um desafio para a engenharia da Saturnia . Construírem uma máquina de sinais eletrônica e para isso disponibilizaram uma japonesa para estudos. As máquinas em questão alem dos sinais telefônicos fornecia os pulso de cadenciamento do bastidor principal e outros dados para bilheta mento, etc...
Finalmente a primeira máquina ficou pronta e nos testes de fabrica foi aprovada pela engenharia da NEC Brasil.
Consistia de um armário com duas máquinas, na parte de cima a numero 1 e na parte inferior a 2. Na seleção automática, caso desse um defeito ,era transferido para a outra imediatamente.
Possuía um circuito em 400 Hz e outro de 25 Hz. O de 400 Hz era aquele que a central encaminha para o usuário que esta fazendo ligação, numa tensão de 24 Vac se não estou enganado. O circuito de 25 Hz era para o ring de chamada com uma tensão de 75 Vac. Portanto, para quem efetuava a ligação recebia o sinal do tom de chamada em 415 hz e o telefone chamado recebia o tom de rink em 25 Hz e 75 Vac, o conhecido toque do telefone.
O detalhe é que no intervalo do ring era injetado na linha ,um Dc de 24 ou 48 Vdc para segurar o relé na central para não cair à ligação. Portanto, eu tinha na potencia do 25hz dois circuitos um de AC e outro de DC saindo pelo mesmo ponto de forma alternativa, ou seja, o DC só era disponibilizado na ausencia do AC de 25Hz.Depois, as novas máquinas sinais, saiam de fabrica uma beleza, era ligar que funcionavam e quem as ligasse não imaginariam do trabalho que elas tinham dado durante o seu desenvolvimento.
A primeira instalada que participei foi à central Paulínia SP
Até que no geral a máquina funcionava bem, o problema foi no horário de hma ( Em torno do meio dia e final de tarde), o sistema de 25 Hz perdia o controle e dava uma sobre tensão nos 75 Vac, chegava até perto de 110 Vac e a conseqüente desligamento da máquina transferindo para a outra, logo era a vez da segunda ficar alarmada e com as duas em defeito ficava na última. Acabei resolvendo o problema colocando um resistor de carga e um RC na borne ira de saída.
A segunda foi em Camaçari-BA.
O Técnico regional estava apanhando com um problema de queimar o módulo de potência em uma das saídas 400 Hz. A contra gosto fui curtir as praias de Salvador.
Observei que os Transistores originais eram do tipo Darlington e, os que mandaram para o pobre regional, eram não mais, nem menos, que os famosos 2N3055. A temperatura no dissipador era em média de 50 graus nos módulos , mais naquela,passava dos 80 graus. Imediatamente me lembrei do meu mestre da ETP/ETFP que dava aulas de cálculo e análise de circuito, Zé Iturriet. Com toda certeza o novo transistor estava atuando fora da faixa de saturação, portando tinha que mudar a polarização existente para os Darlingtons, de forma que o transistor comum trabalhasse melhor. Alterei a polarização dos transistores e ainda fiz a modificação realizada em Paulínia, assunto resolvido. Depois foi só praias!
Mais o pior estava para ocorrer e aí veio à maior máquina produzida para alimentar a nova central de São Carlos-SP, o terceiro caso.
A Telesp fez uma mudança de central ,num madrugadão sertanejo, tinha um batalhão de gente de S.Paulo, da Cidade e da Regional, além do pessoal todo da NEC. Sem dormir, por volta das 9:00 do outro dia, começou a dar sobretensão nos 25 Hz, não adiantou nem colocar os dispositivos anteriormente citados. A grande máquina de 100 Va parecia louca pulando uma , para outra e vice versa. Quando chegou no horário próximo ao meio dia a máquina que estava operando já fornecia direto 110 volts para o ring. Travei na posição manual uma delas e passei a estudar a outra numa procura de solução sem desligar nada, aliás , não podia, imaginem uma cidade de 200 mil habitantes ficar sem telefones.
Descobri nos testes,que a rede telefônica ficava capacitiva com o aumento da carga e entrava em ressonância com o trafo de 25 Hz, descobri ainda, que colocando um capacitor de .47uf em paralelo com a saída já era suficiente para dar a falha
. Com estes dados coloquei o nosso projetista em check, ainda bem que tinha uma em testes na fábrica para que eles pudessem comprovar as minhas descobertas. Sem dormir e cansado no final da tarde o Eng Carlos me liga e diz;
- J.A. tem um problema no projeto do trafo, justamente pela circulação do DC em conjunto com o AC, mais dei uma mexida na realimentação da malha de controle e aqui funcionou, faça o mesmo ai . Passou-me as alterações e finalmente a máquina voltou a trabalhar quase dentro do previsto. A sobretensão agora chega perto de 85 Vac, valor inferior ao sensor de sobretensão.
Mais um aperto que passei!
J.A.
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