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Estas máquinas ASEA foram uma das mais longevas no mercado brasileiro. Para se ter uma idéia as 3 da Procergs- Porto Alegre – RS, duraram mai de 30 anos em operação ininterrupta. A seguir as do Banco Mercantil Finasa até a incorporação pelo Bradesco, eram duas de 240 Kva. Tinham outras duas no Bamerindus devem terem durado quase 25 anos. Tinha uma no grupo Pão de Açúcar deve ter durado quase isso. A da Proceda e da Bolça de Valores quase 15 anos, As do Banco do Brasil S.Paulo e Rio 4 unidades
Eram das primeiras gerações de No-breaks estáticos
utilizando a técnica de comutação natural. Os Engenheiros Suecos entenderam que
a resposta de tensão e estabilidade não estava dentro do esperado e para isso
projetaram duas pontes auxiliares trabalhando em conjunto com a principal junto
ao primário do trafo de saída e capacitores de filtro. As pontes auxiliares
operavam com se fossem um filtro ativo, uma trabalhando a 90 graus elétricos e
a outra a 30 graus elétricos. Poder-se ia dizer que uma funciona com conversor
retirando reativos e a outro como inversor, fornecendo reativos.
Seus comandos e proteção seguiam o padrão ASEA Comblifex de
reles e utilizava muitos contactores auxiliares também.
Com o passar do tempo e os desgastes naturais passaram a
ocorrer falhas que nunca antes tinham sido vistos.
Eu me lembro de algumas que levaram ao amigo que vos fala
conhecer cada problema delas, com a ida do amigo Roberto para o EUA fique com
este legado.
Eu me lembro de 3 situações que ocorrem no Sesec do Banco do
Brasil S. Paulo.
A primeira uma das máquinas quando partia se desligava por
sobre corrente. Não encontramos uma falha ou defeito nos tiristores da potencia
medindo com os multímetros tradicionais. O ajuste das pontes auxiliares era outro
complicador.
“Para os não iniciados ou quando a falha persistia, para se
ter certeza do ajuste, a solução era abrir o cabo DC da ponte principal, desbloquear
as proteções e ligar o equipamento. Era preciso medir os pulsos de disparo de
um tiristor e o tempo entre dois seguidos. Marcar na tela do osciloscópio e
considera 60 graus elétricos. Quando fosse medir os correspondentes nas pontes
auxiliares era fácil comparar os 30 graus elétrico, ou seja, a metade e no os
noventa graus elétrico elétricos, verificando se cabiam nos espaço os pulsos da
ponte de 30 graus.”
Por fim resolvi utilizar um megômetro para verificar a
isolação de todos os tiristores, incluindo a ponte principal. Para surpresa um
tiristor de uma das pontes auxiliares apresentava uma altíssima isolação
reversa e praticamente um curto para o sentido direto. Essa e outras ligadas à
isolação me fizeram carregar um megômetro dentro do meu instrumental básico.
Mas não abri o bico ficou pra mim esta “carta na manga”.
Em outra ocasião, do nada, dois retificadores das 4 maquinas
passaram a descarregar baterias em determinado horário. Não adiantou em mexer
em ajustes e ganhos da eletrônica. Voltei no outro dia e com um osciloscópio
pude ver que o sinal de controle esta no nível máximo no estagio final de
geração de disparo, mas porque não subia a tensão. Em comparação, medindo nos
outros dois retificadores o sinal de controle não era máximo, mas a tensão de
saída era normal e até em recarga ela não atingia o valor máximo. Parei para
pensar. O sinal AC de sincronismo via de um trafo especifico para esta função e
os 4 eram iguais. Então porque estava diferente. Fui medir a tensão da rede
estava baixa, em torno de 204 Vac. Como uma lâmpada acesa na cabeça, fui olhar
os trafos principais de entrada.
Estava morta a
charada.
Dois no-breaks tinham
trafos delta /estrela e os outros trafos deltas / delta. Um erro que vinha
desde ativação. Com a rede normal não apareceu, mas com a diminuição da tensão
da rede ele se manifestou. O que ocorria era um atraso de 30 graus elétricos.
A função do conjunto defasado,era melhorar a distorção harmônica e o
fator de potencia criando um defasamento entre eles. Peguei os dados de fábrica
do componente, o pessoal da engenharia entrou em contato com a Asea na Suécia e
de lá mandaram o projeto dos trafos de sincronismo para aquela situação.
Numa terceira ocasião, foi uma das mais sérias situações que
passei, pois derrubei todo o CPD do Banco do Brasil S. Paulo.
Vejam como são as coisas, estava de férias e um grupo de
colegas fez a manutenção geral no BB São Paulo. Quando retornei, fui para o
interior, estava supervisionando a instalação de uma trefila de arame com 10
passes, controlada por acionamento CC e PLC da Altus. Num determinado dia me liga
o plantão diz para retornar para S. Paulo que um no-break tinha apresentado
defeito e derrubado tudo. Perguntei, não tem 4 máquinas? Com 3 era suficiente
para o CPD. A resposta veio, eles estão operando com 2 máquinas. Tem uma
desligada e não sabem os porquês, a instrução era que não ligassem. Então
retornei a Sampa.
Chegando ao SESEC, faço o reparo da máquina defeituosa e
conecto ao sistema, liberando parcialmente tudo.
Então vou examinar a tal máquina que não podia ligar. Faço todas
as verificações para um equipamento com grave defeito e não encontro
anormalidades. Então resolvo ligar o equipamento individualmente, fora do
barramento de paralelismo.
Quando pressiono o botão de starter escuto um barulho geral
e todos os no-breaks desligam, no silencio sepulcral que se estabeleceu ainda escuto a
mola de carregamento do disjunto de by-pass carregando. Literalmente entrei em
transe, caminha pra lá e prá cá falando baixo. Na verdade estava com todo o
sistema na cabeça e analisava porque tinha ocorrido aquilo se o No-break em
questão estava totalmente fora do sistema. Não sei quanto tempo fiquei assim ,
quando levanto os olhos e olho em direção a porta de acesso tinha umas 10
pessoa paradas , ninguém entrou. O chefe do SESEC, o Chefe do CPD, o Chefe da
Manutenção eram muitas pessoas, afinal eu acabara de derruba todo CPD do Banco
do Brasil São Paulo. Não sei de onde tirei tanta calma. Chego perto da porta e
digo:
-Vocês têm diesel suficiente para ficarem operando por o
tempo necessário para que eu ache o que ocorreu? Responderam que não, mas iam
mandar vir um caminhão. O SESEC tinha um motor de Fragata de 16 cilindros em
linha com uma capacidade 4 MVA.
Dito isso fui medir os pulsos da eletrônica dos no-breaks,
tinham sumido todos. Essas máquinas tinham uma unidade central junto à parede.
A placa distribuidora dos pulsos básicos estava toda mexida com sinais de ter
sido trocado os buffer de saída para os no-breaks. Com o gerador ligado e CPD operando
volta para a ABB (já tinha ocorrido a fusão ASEA e Brow Boveri). Converso com o
técnico do laboratório sobre aquilo. Ele respondeu que foram os “amigos que
fizeram a manutenção geral”, putz pra que inimigos então?!
Enquanto ele reparava
a placa discutíamos sobre o fato. Ele disse J.A isso me parece algum problema
de isolação pelos danos nos componentes ( praticamente explodia os buffers, era
pedaço pra todo lado). Pensava eu, toda eletrônica é isolada pelo trafo
isolador no retificador e depois pelo trafo de saída do inversor, será que tem
um fio de sinal encostando em alguma coisa.
No outro dia, solto toda fiação eletrônica e passo Megômetro
em cada fio, entre eles e contra a massa, até que cheguei num, justamente
daquele no-break arapuca, a isolação era zero. Gritei bem alto; - Filhos da
p...
O pessoal do Banco me ajuda a levantar todo o piso falso.
Mas quando manuseávamos este cabo, o megômetro oscilava. Disse o problema esta
perto, vamos rasgar o cabo e achar onde esta o problema. A cerca de 1,50 metros encontramos
um dos pares cortado e as pontas saiam para foram encostando na malha shildada,
ainda bem que tinha muito cabo solto e permitiu aproveitar o mesmo cabo ( um
outro problema possivelmente ocorrido no passado pois não tinha sinais externos
de esmagamento).
Parti para ver outro problema, porque a unidade que dera
defeito derrubou as outras. se tinha uma chave estática de neutro. Pasmem dos 4
no-breaks, 3 tinham defeitos nas chaves estáticas. Realmente era difícil para alguém
não iniciado descobrir isso. Elas abriam o neutro, tinham 3 tiristores e 3
diodos e uma reatância fechando o lupe quando fechada. Mas para abrir precisava
de um DC sendo descarregado no meio dela para polarizar reversamente os
tiristores abrindo o sistema. Ocorre que este DC era descarregado por tres tiristores auxiliares, o defeito esta aí ai neste sistema e ninguém tinha
visto ( existia uma pequena fonte separada que carregava um banco de capacitores até aproximadamente 300 Vdc). Depois de reparado tudo o pessoal do BB pediu para a ABB me mandar para
o Rio, pois tinha históricos similares antigos de um no-break desligar
derrubando tudo.
Mais um causo daqueles...
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