sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Padre Landell de Moura, um concorrente para Tesla e Marconi – Primeira Parte.

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O trabalho de Landell de Moura envolvendo experimentos com ondas eletro magnéticas foi pioneiro, tendo possivelmente sido o primeiro a transmitir a voz humana por rádio com sucesso, dividindo as pesquisas com Tesla e Marconi.
Landell de Moura conseguiu patentear seus inventos tanto no Brasil como nos Estados Unidos. No Brasil, obteve a patente n° 3.279, em 9 de março de 1901. Nos Estados Unidos, recebeu, em 11 de outubro de 1904, a patente de número 771.917, para seu "Transmissor de Ondas" e, em 22 de novembro do mesmo ano, as patentes de número 775.337, para seu "Telefone sem Fio", e 775.846, para seu "Telégrafo sem Fio.
Por ocasião dos 150 anos de seu nascimento, celebrado em 21 de janeiro de 2011, o Padre Landell de Moura teve seu nome inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, através da Lei Nº 12.614, sancionada pela Presidência da República do Brasil em 27 de abril de 2012.

Origens;
Roberto Landell de Moura nasceu no dia 21 de janeiro de 1861, na cidade de
Porto Alegre, Rio Grande do Sul, na então Rua de Bragança, hoje Marechal Floriano,
Numa casa que fazia esquina com a antiga Praça do Mercado, tendo sido batizado, conjuntamente com sua irmã Rosa, a 19 de fevereiro de 1863, na Igreja do Rosário, de cuja freguesia, anos mais tarde, e até falecer, viria a ser vigário. Ele foi o quarto de doze irmãos, filhos de Inácio José Ferreira de Moura e Sara Mariana Landell de Moura, ambos descendentes de tradicionais famílias do estado do Rio Grande do Sul.


Fotos da Pça. do Mercado Porto Alegre -RS

Landell de Moura estudou no Colégio dos Jesuítas, em São Leopoldo, cidade
próxima a Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Fez o curso de humanidades, conhecido na época como Clássico, equivalente ao Ensino Médio, hoje em dia.
Em 1879, Landell de Moura transferiu-se para o Rio de Janeiro, para estudar na Escola Central, antiga Academia Real Militar, fundada em 1792, por ordem de Dona Maria I, Rainha de Portugal, com o nome de Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, e hoje com o nome de Instituto Militar de Engenharia (IME).



Foto do Rio de Janeiro no período do Império

Aparentemente, ele se empregou em um armazém de secos e molhados para custear sua estadia na capital do Império.
No Rio de Janeiro Landell de Moura passou apenas alguns meses. Seu irmão,
Guilherme, que pretendia seguir carreira eclesiástica, passou pelo Rio de Janeiro, a caminho de Roma, Itália, e o convenceu a abraçar o sacerdócio.
 No Brasil do século 19 e até o início do século 20 era importante que cada família tradicional tivesse um padre, assim como um oficial militar.
Landell de Moura freqüentou o Colégio Pio Americano e também a Universidade Gregoriana, em Roma, como aluno de Física e Química, matérias para as quais mostrava inclinação desde criança. Ele foi ordenado sacerdote em 28 de novembro de 1886.
Em Roma, iniciou os estudos de física e eletricidade. No Brasil, como autodidata continuou seus estudos, e realizou as suas primeiras experiências públicas na cidade de São Paulo, no final do século XIX.
Quando voltou ao Brasil, substituiu algumas vezes o coadjutor do capelão do Paço Imperial, no Rio de Janeiro, e manteve longos diálogos científicos com D. Pedro II sobre as pesquisas de transmissão do som, assunto que fascinava D. Pedro II desde 1856 e que o levou a financiar parte dos trabalhos de Alexander Graham Bell nos Estados Unidos. Depois disso, serviu em uma série de cidades dos Estados do Rio Grande do Sul e de São Paulo: Porto Alegre, Uruguaiana, Santos, Campinas, São Paulo, Mogi das Cruzes (1906-1907).
Após curta temporada no Rio de Janeiro, o padre Landell de Moura foi designado capelão e professor de História Universal do Seminário Episcopal de Porto Alegre.

Foto antiga de Uruguaiana-RS 
Em 1891, foi nomeado vigário paroquial de Uruguaiana e, em 1982, foi transferido para o estado de São Paulo, onde, por sete anos, trabalhou como vigário em Santos, Campinas e Sant'Ana.


Foto de Santos em 1892
Em 1893, o padre Landell de Moura trabalhava na cidade de Campinas, interior do estado de São Paulo. Fazia alguns anos que ele havia chegado da Itália e a calma da cidade permitiu-lhe desenvolver suas idéias sobre a transmissão sem fio, cujos princípios foram enunciados por ele mesmo:

“Todo movimento vibratório que até hoje, como no futuro, pode ser
transmitido através de um condutor, poderá ser transmitido através de um feixe
“luminoso; e, por esse mesmo fato, poderá ser transmitido sem o concurso desse agente”.

“Todo movimento vibratório tende a transmitir-se na razão direta de sua
intensidade, constância e uniformidade de seus movimentos ondulatórios, e na razão inversa dos obstáculos que se opuserem à sua marcha e produção”.
“Dai-me um movimento vibratório tão extenso quanto a distância que nos
separa desses outros mundos que rolam sobre nossa cabeça, ou sob nossos pés, e eu farei chegar minha voz até lá”.




Esse último princípio provocou a ira de muitos paroquianos e de algumas autoridades eclesiásticas - em 1893 um padre brasileiro assegurava a transmissão entre diferentes sistemas planetários e, contra o que pregavam os ensinamentos seculares da Igreja, insinuava a existência de vida em outros mundos. Seu laboratório, montado a custo de muito trabalho e suor, foi mais de uma vez destruído.
Mas o padre Landell de Moura, pacientemente, reconstruía seus equipamentos e continuava seu trabalho científico. Ele chegou, inclusive, a idealizar o teletipo, o controle remoto e uma forma de transmissão de televisão.

Primeiros experimentos sem fio:

O padre Landell de Moura vivia, então, carregando seus misteriosos embrulhos, que continham as peças de um aparelho por ele inventado e com o qual - segundo afirmava - poderia falar com outra pessoa colocada a quilômetros de distância, sem ser necessário fio algum. Alguns interessados pediram-lhe provas. O padre, com o seu aparelho ainda rudimentar, realizou várias experiências de transmissão e recepção sem fio da voz e todas elas tiveram completo êxito. 

Essas experiências, algumas das quais levadas a efeito com a finalidade de interessar as autoridades e conseguir financiadores para o aperfeiçoamento e exploração industrial de seu invento, tiveram lugar, do alto da Avenida Paulista ao alto de Sant'Anna, numa distância aproximada de oito quilômetros, em linha reta - mais de um ano antes, portanto, da primeira e elementar experiência realizada, por intermédio das ondas hertzianas, por Guglielmo Marconi, em Pontéquio, perto de Bolonha, Itália, na primavera de 1895, e cerca de seis anos antes de seu primeiro radiograma.


Av. Paulista em 1902 - S. Paulo Capital.
O padre Landell de Moura, apesar das perseguições que sofria, declarou, na época:

“Quero mostrar ao mundo que a Igreja Católica não é inimiga da Ciência e do progresso humano. Indivíduos, na Igreja, podem, neste ou naquele caso, haver-se oposto a esta verdade; mas fizeram-no por cegueira. A verdadeira fé católica não a nega. Embora me tenham acusado de participante com o diabo e interrompido meus estudos pela destruição de meus aparelhos, hei de sempre afirmar: isto é assim e não pode ser de outro modo... Só agora compreendo Galileu exclamando:
- E pur se muove!”



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