quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Amigo perguntou porque os trens e Metrôs param rápido ?

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Um amigo me fez a seguinte pergunta;

J.A., sabes por que os trens e metrôs param tão depressa embora, alguns, ingressem nas estações em alta velocidade ?

Em S. Paulo, o trilho ou o cabo energizado fica escondido dentro da infra-estrutura lateral inferior.


Expliquei que isso era a coisa mais normal dentro dos acionamentos de corrente continua e que existiam vários projetos para determinadas aplicações.
Informei para aquele amigo, que ele se surpreenderia com a precisão e frenagem realizadas em sistemas sensíveis na qual o controle de armadura chega a ter duas pontes para sentidos opostos, notadamente para frenagens de precisão e fino controle no processo. Outros pela potência,eram realizados no campo do motor CC com potencias de energia menor, mas também muito eficientes.

Então ele quis saber sobre o Trem em si como era feito o processo.

Respondi que não trabalhava diretamente com isso, mas deveria seguir todas diretrizes do acionamento CC no qual, existiam vários processos, tanto nos motores como nos acionamentos.
Dei o seguinte exemplo;
Pela elevada potencia envolvida, a armadura do motor é alimentada num potencial d 3000 Volts CC aproximadamente e o controle do sistema teria que ser no campo numa potencia bem menor algo em torno de 500 a 600 Vcc.
Ele continuou... – JÁ. Como é isso?
- Respondi que por questões econômicas e viabilidade do processo, eram feitas subestações normalmente de 69 a 130 kV, forneciam cerca de 2000 Vac para um Retificador que alimenta um potencial de 3000 Vdc entre os trilhos aterrados e o cabo aéreo alimentador. O trecho alimentado por este dispositivo vai depender da quantidade de trens que circula no setor que poderá chegar a 3 km. As composições retiram energia, cujo potencial esta entre os trilhos de rolamento e o cabo aéreo, entendeu?
http://trensurb.gov.br/paginas/paginas_noticias_detalhes.php?codigo_sitemap=1804&PHPSESSID=4c39abec61bc2cd48340878ed7a80ffe#prettyPhoto
Olhou-me com a cara de paisagem rs...

- Continuei, divisores resistivos, capacitivos e auxiliados por semicondutores garantem uma tensão adequada para alimentar o campo do motor CC. Entre esta alimentação e o motor tem um Conversor CC/CC que controla a energia deste campo fazendo a composição se deslocar suavemente.
A cara de paisagem continuava e...
O amigo quase me derruba, depois de gastar tanto fosfato (rs.rs.rs.) ao dizer;
 - JA, estou entendendo mais ou menos, queria saber sobre a frenagem rápida?
-Putz!

Com paciência respondi;
- Tem duas frenagens; A eletrodinâmica e pneumática- mecânica.
Como assim JÁ responde o amigo indeciso?
Continuei dizendo;
- Quando a composição vai parar e o controle é alterado para velocidade menor ou mesmo zerado sua referencia da velocidade, o peso do deslocamento da composição empurra o trem, fazendo com que o motor CC, vire um dínamo, ou seja, devolve energia ao sistema CC alimentador, isso serve como uma eletro-frenagem. Alguns adicionam resistores de carga para consumirem esta energia.
Quanto a frenagem pneumática-mecânica é porque os trens por segurança têm seus freios acionados sem ar comprimido no sistema. Ao ser carregado e na partida o sistema todo é pressurizado liberando os freios. Então quando vai parar e o motorneiro aciona este freio, uma válvula retira ar do sistema forçando atuação destes freios.
O amigo abriu um sorriso como se fosse a maior maravilha do mundo.

Para quem trabalho com isso sabe perfeitamente que as coisas não são tão simples assim. O campo tem que estar sempre energizado se retirar-mos o potencial DC, existe a tendência do motor disparar sem controle principalmente em vazio. O mesmo pode se dizer no enfraquecimento da corrente de campo para aumentar a velocidade. Portanto, situações complexas previstas pelo projeto. Normalmente quando parado, se retira alimentação da armadura ou se faz passar pelo campo uma corrente pulsada entre + e –
para que o motor permaneça parado. Um assunto para um próximo tema no futuro.
Outra novidade no mercado de tração em trens é o uso de motores de Gaiola AC, acionados por conversores de Freqüência. Uma novidade instalada no Brasil pela CPTM e Linha 5 do Metro Paulista, também um assunto para um tema no futuro.
Fonte:

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Professor Ênnio Amaral, um precursor na eletrificação rural no Brasil. – Terceira Parte.

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Terceira Parte:



O grande legado.

Acredito que a consciência crítica de Ênnio Amaral, como educador de uma instituição técnica e como cidadão capaz de perceber as necessidades que o rodeavam, permitiu sua intervenção para mudar a realidade posta em uma região da metade sul do Rio Grande do Sul, que se estendeu por outras regiões. Penso que a clareza de pensamento desse homem sobre as possibilidades de uma tecnologia econômica e de custo reduzido, para mudar o seu entorno, é que permitiu a realização e conseqüente aplicação desse conhecimento, em forma de um trabalho de extensão.” – Prof. Nei Carlos de Moura.

O professor Ênnio de Jesus Pinheiro Amaral é uma personagem que faz parte da história da Escola Técnica de Pelotas (ETP), Escola Técnica Federal de Pelotas (ETFPEL) – depois Centro Federal de Educação Tecnológica de Pelotas (CEFET-RS), atual Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSUL) – como também da região sul do Estado do Rio Grande do Sul.
É notória a utilização de suas pesquisas em projetos de eletrificação rural a baixo custo em, praticamente, todo o território nacional e até mesmo fora do país, beneficiando as comunidades rurais, notadamente aquelas de baixo consumo e baixo poder aquisitivo, que formam a maioria dos consumidores dessa categoria de consumidor de energia elétrica.
Um dos muitos feitos do Prof. Ênnio Amaral, verificando que o mercado de trabalho, em seus diversos segmentos, ressentia-se de profissionais de nível técnico – voltados para a manutenção elétrica e mecânica, mas que também pudessem operar, projetar e supervisionar sistemas de produção industrial – foi apresentar, à comunidade,a criação do Curso de Manutenção eletromecânica, em 1973, iniciando suas atividades em 1974. O professor foi seu coordenador até 1977.
As pesquisas aplicadas e informações que possuía, relacionadas à eletrificação rural pelo sistema alternativo, foram explanadas em Brasília, na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara Federal, no dia 30 de maio de 1979. O prof. Ênnio se fazia acompanhar do Prof. Sebastião Ribeiro Neto, Vice - Diretor daETFPEL.
Nas fotos que se seguem, feitas no aeroporto de Brasília, temos a FIG. 1, que mostra o câmera men, o Prof. Sebastião Ribeiro Neto, a repórter Ana Amélia Lemos, da TV Gaúcha, e o Prof. Ênnio Amaral.
A FIG. 2 mostra, ao centro, o Prof. Ênnio Amaral e, a sua esquerda, o Prof. Sebastião, sendo que o fotógrafo impede que se vejam alguns membros da Comissão, ao fundo, ao lado do Prof. Ênnio. Na FIG. 3, veem-se membros da Comissão de Ciência e Tecnologia e, na FIG. 4, vê-se o Prof. Ênnio Amaral discorrendo sobre suas pesquisas.
Essa ida à capital do País, do Prof. Ênnio, acompanhado do Prof. Sebastião, repercutiu por quase todo o Brasil. Vários meios de comunicação anunciavam um novo Sistema de Eletrificação Rural a baixíssimos custos; outros chegaram mesmo a colocar abaixo do Título da matéria o ovo de Colombo.
Dias após a apresentação do Prof. Ênnio na referida comissão, o Deputado Hugo Rodrigues da Cunha (ARENA-MG, 1979) discursou na Câmara sobre o tema eletrificação rural. Considerando a relevância para este projeto de pesquisa, cito parte do discurso, pois nele estão inscritos alguns cenários do País à época;

(Senhor Presidente
Senhores Deputados
Por vocação voltada para os problemas do campo, temos notado que a carência de conforto, de assistência escolar e de saúde, além de outros fatores ligados à própria condição de trabalho penoso, têm sido os motivos do êxododo Trabalho rural para as Grandes cidades. [...]. Entendemos que, para a melhoria das condições do homem do campo, [...] a ENERGIA ELÉTRICA significará o grande passo do progresso rural, [...]. No entanto, dentro das normas atuais que exigem o emprego do cobre ou alumínio, em constante alta de preços, além de pequena distância entre os postes sustentadores das linhas, tudo encarece sobremodo a construção desses melhoramentos.
Eis que, na Comissão de Ciência e Tecnologia, tomamos conhecimento dos experimentos dos Professores Sebastião Ribeiro Neto e Ênnio Jesus Pinheiro, da ESCOLA TÉCNICA DE PELOTAS, que, por recomendação do prezado colega, Deputado Alexandre Machado, nos trouxe a revelação de que é possível a utilização do fio de aço galvanizado para a condução de energia elétrica. [...] é muito importante registrar ainda que a mesma Escola tem construído um transformador de 1 kVA, no valor irrisório de pouco mais de 3 mil cruzeiros, [...] o menor transformador atualmente produzido, de 5 KVA, custa Cr$ 45.000,00; Quando tomamos conhecimento desse trabalho, promovemos o comparecimento dos professores da Escola Técnica dePelotas a Belo Horizonte. [...] Será que o nosso país adotando as chamadasNormas Técnicas Brasileiras, que de nacionais não têm senão o nome, não estará apenas fazendo há tantos anos o jogo dos países exportadores, muitomais ricas, que nos mandam normas técnicas excessivamente rigorosas,um “luxo” de tecnologia, quando poderíamos, sem maiores inconvenientesdo que enriquecer sempre as multinacionais e os centros de decisãoestrangeiros rever todas estas normas, dentro de um programa espartano, colocado na realidade nacional [...] quem sabe idealizando nossas própriasnormas e criando tecnologia, a exemplo do Japão que constrói lages em que o ferro de construção é substituído por bambu?!... Fica o alerta, [...] porqueo Brasil tem pressa! Porque é preciso levar AGORA inovações ao campo,rompendo a rotina e os conceitos tradicionais, calcados nem sempre na racionalidade, no realismo da nossa extensão territorial, no realismo danossa carência de desenvolvimento (arquivo do IFSul, pasta: eletrificação rural, grifos do Prof. Nei Carlos).


No dia 16 de maio de 1979 (FIG. 5), o Diário Popular publicou Eletrificação rural com fio de aço tem dimensão nacional. Tratava a matéria da inauguração de uma rede troncal construída pelo sistema convencional, mas contendo três ramais, dela derivados construídos pelo Sistema Monofilar com Retorno por Terra (MRT), cujos condutores eram fios de aço (arame liso de alambrado).
A matéria, pela primeira vez em meios de comunicação de massa, tratava de uma tecnologia que órgãos de governos, entidades de classe e outras instituições e, até mesmo pessoas físicas, viriam, ao seu devido tempo, contestar, tomar para si a sua difusão, impedindo a sua divulgação e o seu emprego, principalmente no Rio Grande do Sul, mesmo que tecnologia similar já fosse empregada em outros países.
Nessa perspectiva, percebe-se que as pesquisas do professor Ênnio e seus pares da comissão da ETFPEL começavam a ser reconhecidas pelos órgãos governamentais, notadamente pela Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE). A primeira vez em que se noticia algo sobre construção de redes rurais, em sua totalidade, pelo processo desenvolvido pelo Prof. Ênnio, data do dia 21 de março de 1979, cuja matéria intitulava-se: Piratini será o primeiro município da Zona Sul a receber novo processo de eletrificação rural.
Era o início das primeiras tratativas de implantação do denominado Projeto Piratini, que envolvia uma extensa área rural a ser eletrificada. Na FIG. 6, abaixo, à esquerda está o Prof. Sebastião R. Neto, representando a direção da ETFPEL; em pé, o Prefeito Paulo Goularte Borges, um membro Diretor da CEEE, o Prof. Ênnio Amaral, e, também, outro Diretor da CEEE.

O Prof. Ênnio iniciou suas pesquisas no início da década de 70, conforme a publicação Fios e Cabos de Aço Galvanizados nos Processo de Eletrificação Rural, ETFPEL, 2ª Edição (1979), na qual, em seu prefácio, justifica tal pesquisa dizendo que;
A eletricidade constitui-se em nossos dias na mais importante forma deenergia a serviço do homem [...], é necessário reconhecer que sua utilização tem sido um privilégio das comunidades urbanas, ficando o meio ruralalheio aos benefícios. Era chegada a vez da eletricidade ir ao campo,descerrando novos horizontes à economia agropecuária [...]. É a técnicasendo transformada em progresso e bem estar. Diante de toda gama depossibilidades, professores e alunos [...] empunharam as ferramentaspor serem co – participantes desse arrojado plano de levar a tecnologia ao homem do campo substituindo técnicas primitivas. E fomos bem
sucedidos. Nosso ponto de partida foi a sala de aula [...]. Vimos que nãohavia mais lugar para estimularmos o consumo supérfluo da energia.
Motivados pelo êxito dos estudos desenvolvidos, sempre alicerçados embases científicas, passamos a acompanhar os resultados das instalações.
[...]. Contamos com a confiança da firma coronel Pedro Osório [...], atravésdo Sr. Luis Osório Reichsteiner Filho, Diretor de Produção [...] projetei econstruí uma rede elétrica [...] no ano de 1973 [...]. O espírito da pesquisa,
da crítica construtiva e do encaminhamento de soluções deixa transparecer,assim, o patriotismo sincero e conseqüente de que é imbuída esta publicação. [...] uma atuação mais constante [...] dos técnicos da Escola
Técnica Federal de Pelotas junto aos setores da Companhia Estadual deEnergia Elétrica, onde reuniões foram uma constante. Destacam – se osencontros com os Chefes Responsáveis pelas gerencia Regionais de Pelotas,Camaquã, Bagé, e Subgerência de São Lourenço do Sul [...] o incentivodo Engenheiro Cláudio Fernandes Barbosa, Presidente da CEEE. [...] ao qual presta sua homenagem muito especial. Escalando os muros de seu
academicismo exclusivo, a ETFPEL orgulha – se em incentivar a práticado binômio “ensino – pesquisa” [...] para fixar o homem do campo em seupróprio ambiente [...]. Atuando sem sair do solo que o viu nascer, onde
formou seus princípios, espera-se, possa ser no amanhã, mais útil ainda,tal como hoje, é bem mais atuante do que o foi ontem (grifos Prof. Nei Carlos).


A primeira que foi construída no Municipio de Herval do Sul  em 1979 cujo ramal era de aproximadamente 10 Km.
Na FIG.7, pode-se ver a placa colocada por ocasião da inauguração da rede de Herval do Sul. Na FIG. 8, o Prof. Ênnio, ao centro, aponta um transformador; a sua direita, o Prof. Sebastião R. Neto. O Prof. Ênnio explanava sobre redes rurais e unidades transformadoras de pequena potência, para prefeitos da zona sul e técnicos da CEEE.


A construção de uma pequena rede de alta tensão (em torno de 6 Km), em 1973, alimentava um pequeno transformador de distribuição de 5 KVA, na granja Coronel Pedro Osório – Industrial, Comercial e Agrícola, gerenciada, então, por Luis Osório Reichesteiner Filho, Diretor de Produção. O diferencial dessa rede é que ela era composta (sob o olhar do leigo) por apenas um condutor ou fio elétrico e, além do mais, o material usado como condutor não era cobre nem alumínio (condutores normais para redes e instalações elétricas), materiais considerados de alto custo e, na sua maioria, importados.
O material usado como condutor era o aço, precisamente um fio dearame galvanizado, liso, usado na construção de alambrados, de custo baixo.
Naturalmente, o outro condutor era a própria terra, SISTEMA MRT – também conhecido por Sistema Alternativo de Eletrificação Rural e Sistema ETFPEL; para muitos rurícolas as rede do Professor; para seus íntimos, as redes do Tio Ênnio. Mais tarde, a Siderúrgica Belgo Mineira, orientada pelas pesquisas da ETFPEL, passou a fabricar fios de aço com alto teor de carbono e dupla galvanização, além de um cabo de aço de três fios trançados (3 x 2,25), usados como condutores nas redes de alta tensão.
O projeto do professor Ênnio desenvolveu a técnica de como construirredes de alta tensão, bem como seus acessórios, mas com baixo custo, isto é, o professor estava procurando desenvolver uma tecnologia acessível aos cidadãos de baixa renda, de acordo com o momento econômico que o nosso País atravessava. Elucidando as afirmativas, consta no Jornal O Estado de São Paulo, em 31-05-1979, dia em que o Prof. Ênnio palestrava em Brasília. 

Fig. 10 Arquivo de artigo da CEEE instalação rural com linha MTR em comunidade do MST.
A construção das redes propostas pelo Professor envolvia, a partir de estudos de publicações que versavam sobre tais redes, pesquisas técnicas sobre a construção de redes com todos os equipamentos desenvolvidos, colocando-os sob a forma de pesquisa aplicada.
 Estava, portanto, o Prof. Ennio Amaral, juntamente com toda a comissão de pesquisa, desenvolvendo uma nova tecnologia. Sobre técnica e tecnologia, vejamos o que diz Raymond Williams (apud KOBER, 2004,).

A construção das redes por processo de mutirão, da maneira como foi pensada, articulada, concebida e materializada, também constituiu um tipo de tecnologia.
É um produto que, se utilizado, transforma a realidade social do local ou região, evidenciando os estudos auferidos no subtítulo sobre extensão universitária.

 Matando a cobra e mostrando o bicho o morto, para não deixar duvidas de quem foi o precursor;
 Desenho básico do trafo monobucha para instalação do trafo junto ao medidor e quando o medidor fica distante.

Ademar Bartell diz;

- “Meu irmão João Bartell, fazia parte da equipe do Prof  Ênnio que desenvolveram um sistema de eletrificação rural, usando poste de madeira trabalhada, da própria propriedade rural e com somente um condutor, não sei detalhes técnicos, mas a idéia dele foi comprada por diversas cooperativas e meu mano foi para Taquarí e Palmares, trabalhar com essa tecnologia. Certa feita ele foi em Curitiba apresentar o projeto...”

Ledemar Neutzling diz;

A primeira linha de transmissão de energia com arame galvanizado foi no interior de Herval, varias fazendas do Cerro Chato, distrito de Herval ainda contam com esta eletrificação, por um bom tempo havia uma placa  na bifurcação da estrada de acesso ao  Cerro Chato, dando ciência do fato, e do seu criador Prof. Ênnio Amaral, esta rede servia a fazenda São José do Sr. Gilberto do Amaral Isaacsom, ode tive o prazer de trabalhar ,na manutenção da fazenda por mais de 20 anos.

Professor Gilfredo Renck diz em seu artigo no Diário Popular;

“- Movidos pelo idealismo, a perseverança e o senso teórico-prático desse mestre, um grupo de educadores da ETFPel, muitos ainda em atividade no Cefet-RS, embasou estudos de viabilidade técnica e econômica e, com o aval de inúmeros municípios da Zona Sul - tais como Herval, Piratini, Canguçu, Pedro Osório, Jaguarão, dentre outros - concretizou várias redes de eletrificação rural (mesmo vencendo as adversidades impostas pela CEEE ).

Nos dias de hoje, algumas concessionárias tratam de modo diferente e seletivo tal aplicação, levando em conta aspectos de segurança, desbalanciamento de carga nos alimentadores, atuações dos novos relés de proteção diferencial e fuga a terra e até, pelas velhas questões de custos em que a partilha é menor para interessados, afinal o programa federal “Luz para Todos veio injetar recursos neste setor e aí é dinheiro do povo...

O Mestre Prof. Ênnio Amaral teve seu passamento em 17 de agosto de 1985, às 19 horas, em Pelotas, no Hospital Sociedade Portuguesa de Beneficência. Contava com 49 anos de idade. Deixou a esposa, Maria Ieda Sedrez Amaral, e os filhos, Daltro de Jesus, Pura, Virginia, Eugênio, maiores de idade, e Sylvia, com 20 anos, Marta, com 16 anos, e Felipe, com 11 meses de idade.
 As duas cidades de sua região homenagiaram-lhe dando o nome de ruas.
Piratini;
Herval;

Ao “Mestre com carinho”! Espero que, com estes tópicos a verdade possa ser desvendada a frente de todos e restabelecido mérito a quem de direito.

 Fonte : Revista Thema | 2011 | - Artigo do Professor Nei Carlos de Moura.
Meus agradecimentos ao Prof. Nei Carlos de Moura pelo brilhante trabalho e artigo escrito em que me baseei majoritariamente.

A família Amaral por ter autorizado escrever estes tópico, principalmente na figura de Virginia Amaral. Agradecimentos pelos comentários carinhosos de Pura Amaral, os netos Ênninho Amaral e Camila Amaral e do sobrinho neto Luciano Manetti.

Aos irmão ETEPEANOS do Grupo do Yahho e do Facebook pelo incentivo, ajuda e colaboração direta.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Toque de humor 31 - Causo CRT nas Missões- RS

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Esta aconteceu em 1977.
Com a equipe comandada pelo Ari ( Tio Ari ) da Infra Estrutura de Força da CRT e Amir Costa-( novato na Saturnia ), o qual estava em treinamento para me substituir nas férias. As Fotos são da Central de Passo Fundo 2. O Amir, o motorista muito troll, Eu e o meu Corcel GT.
Foto . Eu o Ari e o Amir na aceitação de Passo Fundo II.
Estavamos terminando aceitação da Estação de São Luíz Gonzaga e deveríamos no final da tarde nos dirigir a Santiago. Ocorre que tivemos alguns problemas e os trabalhos se estenderam até o inicio da noite.
Foto. Cidade de São Luiz Gonzaga -RS
Foto. Cidade de Santiago-RS
O motorista do Ari ( CRT), disse que conhecia a região e levariamos uma hora até Santiago aproximadamente por atalhos na região. Todos concordamos e seguimos em fileira indiana com 3 carros.
O cara se perdeu no meio das fazendas! 
Paramos em várias delas pedindo informações, teve um local que tinha tanta lebre que os caras saiam correndo atrás dos bichinhos que ficavam parados atucanados pelos faróis, na frente dos carros.O Amir, feito goleiro, se jogava para catar uma rs... Em uma das fazendas, uma cachorrada danada latiam ferozmente e os donos saíram armados para verem aqueles estranhos em 3 carros.
Mapa da Região. 
No final, por volta da 1 da manhã( quase 5 horas depois ) chegamos em Santiago, tapados no pó, por tudo que é canto e com uma fome danada.
Hoje tem a estrada estadual Santiago/Bossoroca/São Luiz Gonzaga, feitas no governo Olívio Dutra, aliás, ele é natural de Bossoroca, seria coincidência ? De qualquer forma é um atalho importante nos dias de hoje.
Essa o Tio Ari ficou devendo, tempos ídos.
Este é mais um causo daqueles !

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Professor Ênnio Amaral, um precursor na eletrificação rural no Brasil. – Segunda Parte.

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Segunda Parte - Do Aluno ao Professor

 Os tempos que se seguiram não foram fáceis, aquela gastrite evoluiu para uma ulcera que resultou numa cirurgia que lhe roubou 1/3 do estomago e que acabou deixando seqüelas para toda vida.
Em meio a esta tribulação, foi picado pelo cupido no trajeto entre Piratini, Remanso, Canguçu. O amor chegara para iluminar seu coração e sua existência, encontrara Dona Maria Ieda Sedrez Amaral, o amor de sua vida.

 Ênnio precisava dar o melhor para a família que iria constituir e balançava entre seguir trabalhando ou voltar aos estudos que desejava tanto.

O moço Ênnio Amaral se casa e resolve morar em Pelotas. A vida era dura, mas com ajuda do sogro e amigos de toda hora, a batalha feroz  era ultrapassada. E neste turbilhão vem chegando o primeiro herdeiro.
 Com o término da quarta série, Ênnio Amaral tem o rumo de vida alterado e muda-se para um local melhor onde daria uma qualidade de vida mais qualificada para a família. Chegara a vez do Professor Ênnio Amaral contratado como professor no dia 8 de abril de 1959.
Com o salário inicial curto as melhorias financeiras foram gradativas. Em 16/10/1962, tem uma mudança da direção da ETP, assumia como Diretor o Professor Ildemar Bonat. Suas dificuldades chegam ao conhecimento do novo Diretor da ETP. O Diretor logo simpatizou com aquele jovem professor de oficinas e resolveu ajudá-lo.
Diretor Bonat não sabia, mas o Grande Espírito da Mãe ETP descia sobre ele e quando isso ocorria, até os Céus conspiravam a favor.
Bonat convida-o para lecionar também eletrotécnica, existia certa carência de profissionais qualificados para tal empreitada naqueles tempos. Ele sempre agradeceu a ajuda do seu diretor que sempre se preocupou com ele.
O jovem professor Ênnio leciona com afinco de manhã e a tarde. A noite se qualifica fazendo o curso de formação de professores do primeiro ciclo (O curso teve início em 9 de setembro 1965 e término em 31 de agosto do mesmo ano, com carga horária de 550 horas. Esse curso fazia parte do Programa Intensivo de Preparação da Mão de Obra Industrial (PIPMO), criado no Governo de João Goulart, pelo Decreto n.o 53.324, de 18 de dezembro de 1963, e regulamentado pela portaria do MEC n.o 46, de 31 de janeiro de 1964.).
Era bom professor, mas precisava enfrentar os desafios daqueles alunos curiosos e sedentos de saber. Foi necessário se qualificar mais ainda.  Começou a cursar, no turno da noite, o Colégio Técnico Industrial – Curso de Eletrotécnica, 2.º Ciclo –, no ano de 1967, formando-se em 1969.

ETP foto aérea nos anos 60;


Foto da fachada da ETP em 1962;

Consta que é a mesma imagem de 1945.

Professor Ênnio era um estudioso dos assuntos que se relacionasse a eletro- mecânica, se atualizando com livros, revistas e artigos técnicos. Era do seu conhecimento que, em outros países, tais como os Estados Unidos, Canadá, Inglaterra (desde 1946), Alemanha, União Soviética, Nova Zelândia, Austrália, utilizavam-se cabos de aço nas redes elétricas de distribuição em alta tensão, inclusive sem galvanização, e algumas estavam operando mais de 30 anos. As redes, nesses países, em sua maioria, eram de dois ou três condutores, com todos os acessórios normais em forma padrão para a eletrificação rural, ou seja: cabos de aço trançados com 3 ou mais fios, chaves fusíveis, cadeia de isoladores, postes de madeira tratada, de aço ou de concreto, entre outros, sendo que o uso de redes MRT era mais destinado a ramais.
Professor Ênnio sabia como homem do campo, dos altos custos de levar energia elétrica de um determinado alimentador para a zona rural. Nas cidades, um único ramal de alimentador fornecia energia para milhares de lares, comércio e Indústria, os custos eram competitivos, mas para o campo não era bem assim. Angustiava-se em ver o trabalhador rural ter iluminação a base lampião a gás ou querosene. Trator para gerar tarefas domésticas e de campo, um atraso que o mestre queria ajudar a resolver. Então entre uma aula e outra ele ficava inventado, experimentado novidades, um dos seus hobbies era a mecânica automotiva.
Em casa até reparos de carros realizava uma forma também de complementar a renda, suas idéias tinham um custo e tudo era feito por ele. Muitas visitas a ferros velhos atrás de artefatos que ajudassem na construção de suas invenções..
Segundos amigos Ex Alunos ETP/ETFP, as dificuldades de um motor a diesel ligar no inverno o fizeram inventar uma vela resistiva, muito utilizada nos dias de hoje em motores diesel modernos.
Fotos de  velas aquecedora moderna

 Conta o colega Volni Abreu, um ex-aluno dele relata sobre a Vela incandescente para trator;
- Os tratores não davam partida quando a bateria estava fraca, então experimentou colocar uma resistência de lâmpada na ponta da vela do trator diesel. O mestre dizia que funcionava porque aquecia o combustível e facilitava a partida mesmo com bateria fraca e frio.

Professor Ênnio, já tinha construído uma casa em Pelotas e comprara um campo na região de Piratini onde fez sua Chácara e lá se tornou seu campo de experiências.

Outra contada pelo Volni Abreu;

- Disse que montou um trator só com peças do ferro velho (a qual a turma apelidou de “CAMICICLETA”), sendo que o tanque de combustível ele pegou duas bacias de dar banho em bebês antigo e soldou uma contra a outra.

Sérgio Viegas conta;
Também é de Autoria dele a Picape Kombi e a picape cabine dupla Kombi. Primeiro ele cortou a carroceria da sua velha Kombi, transformando em Picape, mas como ficou pequeno para a família ele voltou a mexer nela, transformando-a em mista. Picape cabine dupla, isso foi bem no inicio da década de 60, e as Picapes Kombi fabricadas pela montadora só ocorreram no inicio da década de 70. '
 Foto da Kombi Picape Kombi;

Era quase um Professor Pardal nosso querido Mestre.

 Sua filha, Virginia Amaral relata que a garagem de casa sempre foi oficina e não lembra de ver o pai sem nada fazer. Nos descansos era lendo jornal ou artigos técnicos. Dentro de casa, todos tinham que ter cuidado com potes, certa vez estava testando os potes de (clorofina) “Cloro”, no fogão a lenha, vendo a possibilidade de o material servir como isolador...

O que mais encantava os alunos eram suas tiradas e frases de efeito, agora sei onde Gilfredo sorveu o saber de suas frases de efeito rs...

Frases contadas pelos seus alunos;

Volni Abreu;

- Quem não sabe o que procura não percebe quando encontra, se referindo ao futuro profissional dos formandos.

Após retornar de Porto Alegre onde tinha participado de um curso por vários meses sobre relés disse;
- Acabo de perder o curso que fiz porque foi inventado o diodo, que vai substituir os relés. 

- É mais fácil comprar um veículo nas lojas de Pelotas que uma camisa. Numa alusão que gostava mais de carro que de roupa, deixando que a  patroa cuidasse da segunda.

- Melhor carro é Volkswagen, tenho um que só faço uma manutenção por ano e de vez em quanto vou para o sitio solíto no mais e não me deixa a pé.

Luiz Zaffalon, conta;
Certa feita fomos fazer uma aula pratica lá numa fazenda pros lados de Herval (O Valdir sabe o nome). Entramos no TL e o Hugo Enio Braz reclamou do espaço do banco traseiro, pois não cabiam as pernas. Ele olhou pra trás com aquela calma, voz pausada e disse:
 - Se dobrar as pernas nos joelhos, fica melhor.

Outra vez o Salagnac (acho), rebobinando um motor imaginou que aquele serviço iria demorar horas e horas. Tio Ênio chegou por perto e pergunto como ia o trabalho... Salagnac disse que ia bem, porém ia demorar uma Eternidade. Tio Ênio olhou pro guri e perguntou:
   - Tu sabes o que significa eternidade?
E complementou:
   - Um minuto na eternidade é o tempo necessário para uma andorinha, gastar um bloco de 1 m³ de pedra, afiando o bico na razão de uma vez por ano.
     Precisavam ver a cara do Salagnac.

Airton Bitencourt, conta;

-Nunca devemos gastar mais do se ganha e nem ganhar menos do que se gasta.
Outra dele;
Tudo que deve ser feito, merece ser bem feito.

Ronaldo Bondan, conta;

Professor Ênnio costumava falar que se o professor era autoridade máxima dentro da sala de aula, em sua aula ele autorizava fumar, o que era expressamente proibido na escola. Um dia resolvi testar e ele me autorizou. Foi só colocar o cigarro na boca e ele deu um jeito de sentar ao meu lado, conversou comigo e me fazer algumas perguntas, mas uma resposta era a que ele queria ouvir;
Seu Bondan o senhor já tentou deixar desse vício triste?
 Respondi sim, mas não consegui, sua intervenção foi imediata.
Eu tenho 2 côcos e consegui e o senhor tem 2 côcos também, porque não consegue? Eu fui homem para conseguir e o senhor será que é homem também? Vai ver que tem dúvidas ou não sabe!
 Em outras palavras mexeu com meus brios e ali decidi parar de fumar, para provar que era homem......... Tio Ênnio me tirou o vício de fumar só com palavras bem colocadas.

Valdir Souza, conta;

Certa vez quando fomos visitar o Engenho Pedro Osório, no conforto da TL, lá pras bandas da Tiradentes, passaram na nossa frente umas gurias bem faceiras: O Mestre não perdeu tempo e falou: "Belas moças, olho prá elas e não olho prá um cavalo". Nós, sabendo que vinha mais, ficamos quietos, só esperando. Mais adiante ele completou: “Pra que quero um cavalo, eu não tenho carroça".
Foto Volkswagem TL



Outra foi quando na aula dele um colega serrava uma peça de forma enlouquecida, rapidinho e usando só o centro da lâmina. O Mestre vendo aquilo chegou e calmamente explicou que o correto era serrar com uma velocidade menor e usando toda a lâmina para gastar por inteiro e não queimar por aquecimento. Depois da explicação ele saiu com mais uma pérola: "Duas coisas na vida o homem deve usar em todo o seu comprimento, uma delas é a lâmina de serra".

Mais duas:
"Duas coisas que eu não faço nesta vida: Pegar carona em modelo A e tomar banho em açude que tem tartaruga".

E a preferida do Madruga:
Dizia o mestre;
 -”Duas coisas que ninguém tira nesse mundo: Cheiro de CU e vazamento de motor Perkins".
Vou colocar só a foto de um motor perkins por obviedade rs...

Esta foi de mais rs... Como era espirituoso o mestre. Também para lidar com aquela turma de guris bagunceiros...

O grande legado técnico do Mestre Ênnio Amaral já estava a caminho, a Eletrificação rural de baixo custo, um tema para o próximo tópico.




Fontes; Grupo dos Ex-alunos ETP/ETFP no Yahoo Grupos e no Facebook

Família Amaral, meus agradecimentos a Virginia Amaral.