segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Falando de eletrificação rural de baixo custo – MRT

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Os amigos que me acompanham no blogger, presenciaram artigos sobre um dos mestres da ETP/ETFP (Escola Técnica Federal de Pelotas-RS), professor Ênio Amaral cujos links indico abaixo, sendo precursor no Brasil deste sistema, tanto na pesquisa, no estudo e na implantação.
Professor Ênnio Amaral, um precursor na eletrificação rural no Brasil. – Primeira Parte.

Professor Ênnio Amaral, um precursor na eletrificação rural no Brasil. – Segunda Parte.

Professor Ênnio Amaral, um precursor na eletrificação rural no Brasil. – Terceira Parte.


Quis o destino que fossemos fazer uma consultoria sobre uns problemas que estavam ocorrendo ema determinada Fazenda do interior da grande Porto Alegre. Uma empresa parceira, que presta serviços de execução, instalação e manutenção elétrica, encontrou nesta fazenda algumas anormalidades, a qual precisaria de alguém especializado ou com conhecimento no assunto para orientação.

O sistema de distribuição elétrica rural MTR – “sistema mono filar com retorno por terra” é o que permitiu que se levasse eletrificação para o meio rural com baixo custo, sendo incluído hoje, num dos programas do Governo Federal brasileiro, o“Luz para Todos” com vantagem significativa no custo, mas, no entanto, também tem fatores técnicos relevantes a serem considerados.
O que me leva a escrever este artigo é para alertar da necessidade que se tenha um projeto e supervisão de pessoal qualificado (Engenheiros e Técnicos com CREA). Vejam a história que vou relatar a respeito da referida consultoria, na qual, envolve itens de segurança com riscos fortes de acidentes com seqüelas físicas e até mortes.

Os proprietários da fazenda em questão,quando decidiram lotear uma parte para uso como pequenas chácaras ou sítios, através de amigos tiveram contato com uma empresa que estava realizando um trabalho de instalações na região com a técnica MTR. Ora, isso viria de encontro aos seus projetos com um custo bem menor.
Segundo eles, os responsáveis da referida empresa diziam que era um trabalho na qual estavam acostumados, tinham Engenheiro responsável e que seus trabalhos eram realizados dentro das normas da concessionária de energia.

Donos da Fazenda seguindo em frente com o processo de loteamento;

A primeira etapa do loteamento ocorreu numa área plana, praticamente uma área de restinga, as vendas foram um sucesso.
Veio a segunda fase que passava por uma área mais elevada com mata nativa e um solo mais argiloso. Após a instalação da nova linha MTR eles realizavam trabalhos de terraplanagem para a extensão da estrada e, ao mesmo tempo, realizam os novos cercamentos, separando a Fazenda do novo loteamento. Foi aí que começaram a notar anormalidades bem mais acentuadas que as relatadas no inicio por alguns moradores da primeira fase.
Os funcionários da Fazenda ao fazerem as novas cercas num distancia aproximada de 100 a 150 metros dos postes com trafos, passaram a tomar choques elétricos. Alguns tão fortes que as ferramentas saltavam longe e o desconforto físico nos profissionais eram grandes.
Também foi notado que transformador apresentando defeito entre outros...
Foram procurar á instaladora e aí viram que foram enganados, eles não tinham um Engenheiro responsável e muito menos projeto de toda obra.
Resultado, tiveram que contratar um escritório de projetos para fazer uma planta atualizada.
O Engenheiro de projetos solicitou uma série de modificações e foi aí que entrou a empresa parceira para realizar as atualizações e com ela, nós.
Quando visitamos a obra observamos que vários aspectos passaram despercebidos inclusive pelo Engenheiro que estava realizando o projeto. Um fator importantíssimo, o aterramento e sua resistividade dentro da norma para os mais diversos solos.
A falta de SPDA sobre os transformadores em zona rural e o dimensionamento do fio rígido para interligação do comum do trafo (AT) ao solo bem como, o aterramento das ferragens e estruturas da média tensão de entrada.
Fomos atrás das normas para dirimir dúvidas, por exemplo;
Esta da CEEE-RS, no item 4-17-3 que se refere aos aterramentos define valores, define aterramento das cercas elétricas inclusive, etc. O regramento nem sempre é cumprido pelos instaladores, pois não entendem ou desconhecem que para cada tipo de solo existe uma resistividade, portanto, diferenças.
Por exemplo; em um local em que 2 ou 3 hastes na malha de terra são suficientes  em outros poderão necessitar de 10 ou mais hastes.


Para realizar o trabalho de medição, solicitamos ao parceiro que levasse vara de manobra de média tensão de forma que realizássemos uma inspeção no aterramento bem como, as medições de forma segura.
Um aterramento mal feito poderá ocasionar uma descarga elétrica sobre quem esta trabalhando, direta do 13,8kV, no caso algo em torno de 8 KV.

Como já desconfiávamos encontramos resistências muito além do determinado em norma ou regramento da concessionária chegamos a encontrar num ponto arenoso, algo em torno de 500 ohms, ou seja, precisaria de um malha de terra e tratamento de solo naquele local. Sem contar que as cercas de arame no entorno não tinham qualquer aterramento determinado pelo regramento da concessionária.

Na parte nova do projeto em vendas, já com a supervisão do Engenheiro, observamos a instalação de pára-raios tipo Franklin sobres os trafos e duas descidas do aterramento, separando o comum dos trafo e ferragens do SPDA, o que esta perfeito, a união ocorrendo só no solo.
 Comentando sobre a instalação da primeira fase do loteamento;

 Esta fase já existe muitos moradores, considerando uma região rural, praticamente um descampado, cujo potencial de terra esta elevado até o alto dos postes para aterramentos das ferragens e do supressor de média (para- raio de polímero da família dos varistores), perguntamos?
- Quem garante que um raio não possa cair num dos postes de 12 metros?
- Não seria melhor colocar um SPDA como foi feito na fase 2, relatado acima?
 Um assunto a ser trado pelo projetista responsável.

Os riscos que corremos;

O risco que se corre ao entregar serviços dessa natureza para pessoas ou empresas sem a qualificação necessária é o do retrabalho e conseqüente aumento dos custos e na pior situação, acidentes com vitimas. O sistema MTR é seguro desde que seja instalado de acordo com as normas técnicas e regramento das concessionárias.

A Coelce tem um regramento bem didático voltado especificamente para este uso.
A norma CP-003/2006 R-01. Vide complemento no link;

 O item 7.2.3.1 define os seguintes critérios para o nível máximo de terra para os transformadores;
 Para os de 5 kVA o nível máximo é de 40 R
Para os de 10 kVA e de 20 R.
Já no regramento da CEEE também esta indicando para os trafos de;
25 kVA - 10 ohms para alimentação de 13.8 kV.


Porque os SPDA?
O meio rural é muito propicio para queda de raios durante as tempestades. Por certo, áreas destas, cortadas por linhas elétricas com esta natureza de terreno, requerem um cuidado que envolve a vida das pessoas, animais domésticos e da criação, bem como, equipamentos e eletrodomésticos em geral. Lembremos que o Brasil tem um dos mais altos índices de descargas do mundo (A maior parte das mortes no Brasil ocorreu na zona rural (61%) contra 26% na zona urbana, 8% no litoral e 5% em rodovias.
Fonte:
Diagrama básico de uma instalação MTR incluindo transformador , medição e aterramento.
Para finalizar, digo que é um sistema seguro o MTR, desde que sejam seguidas as normas pertinentes e os regramentos determinados inclusive da ABNT para os aterramentos de SPDA (NBR 5419).
http://www.faatesp.edu.br/publicacoes/NBR-5419.pdf

Fontes:





J.A.

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