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A Profissão Técnica e a noção de sistema.
Uma das criticas que se faz
ao nível atual em que se encontro o ensino técnico no Brasil, se refere a má
preparação dos profissionais. Influenciados mais ou menos pela qualidade das
instituições de ensino e pelo tempo disponível para aulas de laboratório e
pesquisa.
Um problema que não esta
restrita as áreas a tecnologias industriais somente, se vê em setores ligados a
medicina e nas operações de equipamentos de toda ordem com suas modernizações.
O que chamo de noção de
sistema;
“É o conhecimento do funcionamento
do todo, que o profissional possa intuir avaliações de uso, conseqüências e
danos.“
Aqui no Brasil esta
existindo falta de mão de obra qualificada em vários setores. Observam-se
atropelos na preparação de profissionais para que possam preencher estas vagas
abertas no mercado. O mau preparo tem levado a incidentes e acidentes de graves
conseqüências irreparáveis.
As próprias empresas têm
criados programas de treinamento para preencher suas vagas por não conseguirem
profissionais com a qualificação exigida..
Um dia desses, um amigo que
trabalha numa gerencia de uma empresa de ônibus, me disse que nos novos ônibus
a manutenção era toda realizada pelos jovens vindos do SENAI. Os motores
eletrônicos, a automação embutida em tudo fez com que os velhos profissionais
se restringissem aos equipamentos mais antigos e a serviço especiais quando
precisavam abrir algum motor, por exemplo.
Lembrei-me que nesta semana,
um motorista experiente estava dirigindo um novo ônibus automático. Por falta
de treinamento e conhecimento, por certo, fez uma operação errada no cambio e
atropelou e matou pessoas dentro do terminal do Tietê-SP.
Será que conhece um mínimo
de Inglês para saber que no cambio não esta escrito “ponto morto” e sim “N” de
neutro ou neutral, que significam a mesma coisa que ponto morto?
A noção de sistema envolve o
conhecimento, o entendimento inclusive do idioma adotado mundialmente.
Na área médica. Vêem-se
enfermeiros levando a óbitos pacientes por erros de procedimentos e até medicações
dadas erradas.
Será que um profissional
desta área não sabe discernir entre uma sonda de alimentação e outra de soro
para reidratação? Será que não sabe se der um soro com glicose para um paciente
diabético vai matá-lo? Será que ele não sabe que a medicação para um paciente
que tem hemorragia e diferente para um paciente que tem pressão alta, por
exemplo?
O conhecimento pode evitar
erros, por algum engano interno. Sabendo como funciona e o que significa cada
moléstia, o profissional pode parar não executar o procedimento e chamar a
chefia ou o médico para discutir o problema.
Na área elétrica, será que
um profissional que for desligar um sistema com carga não sabe o que desliga
primeiro, o disjuntor ou a seccionadora.Obviamente é o disjuntor, embora em aplicações especificas existam seccionadoras especias para abertura sob carga.
Num sistema fabril, por
exemplo, tem-se uma série de acionamentos, sensores ligados a proteção e a
controle do processo.
Se o profissional não
conhece o que se produz ali, como ele o é, como se opera e como ele funciona,
por certo terá sérias dificuldades nas intervenções técnicas.
Eu sempre me lembro do
inicio de trabalho dentro do antigo grupo ASEA. Vinham de uma área da
eletrônica de potencia voltada para fontes de telecomunicações, conversores CC,
estabilizadores de tensão, no-breaks e sistemas afins.
Dentro da nova empresa me
especializei em
acionamentos Industriais e no-breaks produzidos na Suécia.
Ficava curioso e às vezes não entendia, quando colegas mais experientes e que
já estavam dentro da organização há mais tempo, sugeriam a chefia que mandassem
vir um especialista da Suécia para ver determinado problema em determinado
cliente. Muitas vezes este profissional resolvia em um dia tal questão técnica.
O que tinham estes profissionais que os daqui não tinham?
“O conhecimento do sistema”.
Para cada seguimento existiam
estes profissionais que conhecia o todo daquele processo. Alguns até conheciam
a qualidade do produto final e pela amostragem sabiam onde estaria o problema.
Só fui entender plenamente
isso quando recebi a incumbência para coordenar a instalação e startup de uma
trefila de arame de 10 passos comandados por PLC.
A complexidade funcional ia
destes procedimentos iniciais que sem os quais não se conseguia partir o
sistema até uma serie de controles e sensores que influenciavam em cada bloco
do sistema. Além disso, precisava de velocidade para ter uma produção eficiente
e que aumentasse a capacidade da planta. Os conversores dos motores CC tinham o
chamado enfraquecimento de campo para gerar velocidade. Possuem um compensador
de posição (dancer) que influenciava o conversor imediatamente atrás. Os
ajustes foram feitos blocos por blocos, respostas eletrônicas todas muito
semelhantes nos ajustes. Certa ocasião de férias, e ocorreu um problema neste
equipamento. Mandaram três profissionais experientes em acionamentos.
Identificaram defeito em controle de campo em determinado
bloco. Fizeram os reparos, mas nunca mais a máquina voltou a operar com a
velocidade de trabalho que os operadores estavam acostumados. A gerência deste
cliente clamava pela minha presença e a chefia disse que estava de férias.
Quando voltei, a primeira
coisa que me disserem é viaja manha para este cliente que estão te esperando.
Chegando ao local, pedi que
desacoplassem o motor. Era necessário ajustar primeiros os sensores existentes
neste conversor de campo. O primeiro era o enfraquecimento de campo mínimo algo
em torno de 1 A .
e o segundo era a sobre-tensão de armadura que estava junto com o controle de
enfraquecimento de campo, algo em torno de 510 VCC.
Depois o inicio do
enfraquecimento de campo em 460 VDC.
Pronto foi o suficiente para
tudo voltar ao normal.
Os outros não eram bons, não
conheciam isso. Por certo eram bons, eles não conheciam era aquele sistema em
que um pequeno desajuste foi o é suficiente para comprometer o todo.
Não se confunde com
imperícia e incapacidade técnica. Estas são mais ligadas aos profissionais do terceiro
grau que deveriam deter o conhecimento e o entendimento. Para estes existem os
conselhos que regulamentam a profissão e a justiça num estagio seguinte. Aqui
abordamos a preparação de profissionais que executaram tarefas eminentemente
técnicas que possuem responsáveis técnicos na retaguarda.
Quanto mais preparado é o
profissional, maior capacidade de avaliação terá.
Quando escrevi o tópico
evasão no ensino técnico em 04/11/2013 e me referia que a separação do ensino
básico de segundo grau do ensino técnico profissional era um dos causadores da
evasão técnica. Dizia que era mais fácil seguir direto para a tecnologia e ao
terceiro grau pleno que retroceder cursando um técnico.
Era muito comum naquele
formato das antigas Escolas Técnicas. Alunos com boas notas em disciplinas
curriculares irem para dentro dos laboratórios montarem alguma coisa e testar alguma geringonça, fazer experiências, reparar equipamentos etc. Como forma
lúdica poderia dizer se exercitava o conhecimento pela pesquisa, pelo fazer,
pelo pensar, pelo ler a respeito, pelo perguntar aos mestres.
Conhecer plenamente aquilo
em que se vai fazer tarefas técnicas, entende-las, estudá-las, precisa-se de
base e esta, lamentavelmente, parece estar distante nos dias de hoje.
J.A.
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