quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Medidores de energia eletrônicos marcam mais que os convencionais?

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Pois amigos que me acompanham no blogger, fui surpreendido com um pedido de consultoria para criticar a medição de um medidor fabricado por tradicional  empresa do mercado. Segundo consta, ao instalar um no-break a conta de luz quase dobrou mesmo com a corrente de entrada estando dentro do normal. Com ajuda da concessionária local eles fizeram uma medição em conjunto atrás de possíveis erros / defeitos dos dois lados. Este medidor tem programações que podem ser alteradas, assim pode medir outras grandezas elétricas. No caso ele foi selecionado para medir corrente e comparada com os amperímetros alicates, onde foram constatados valores diferentes.



Achei estranho muito estranho e fui verificar o que se estava falando no mercado e na rede sobre este tema.
Fui surpreendido mais uma vez com uma quantidade de reclamações a respeito.  A mais séria foi verificada no Rio em algumas favelas onde foi acionado até o Ministério Publico.
No final o Tribunal de justiça soltou a decisão no link abaixo;

“TRIBUNAL DE JUSTIÇA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0009252-08.2012.8.19.0000 Agravante: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Agravada: LIGHT SERVIÇOS DE ELETRICIDADE S/A Origem: JUÍZO DE DIREITO DA 4ª VARA EMPRESARIAL DA COMARCA DA CAPITAL”


Consultei o INMETRO pela rede, sobre a homologação do instrumento citado pelo meu amigo no inicio do texto. Realmente o equipamento estava homologado pelo órgão público federal seguindo as resoluções da ANEEL.

Como eu poderia de alguma forma condenar um instrumento homologado de uma multinacional, usado em vários paises?
A questão é que muito destes instrumentos tem comunicação e permite que os funcionários das concessionárias façam as leituras sem precisar entrar nas residências entre outras novidades tecnológicas.

Então veio uma luz através do próprio fabricante que respondeu a concessionária e ao meu amigo sobre este questionamento de medir a mais, diz o texto numa parte;

“ -  Baseado em informações de nossos clientes e testes realizados no nosso laboratório, foi possível confirmar que  alguns modelos de inversores geravam harmônicos de alta freqüência, influenciando na medição de corrente devido às características derivativas do sensor, fazendo com que o medidor registrasse valores  alterados de energia consumida e fornecida.”

Mais a frente diz;
“ ... a produção e revisão D do ASIC de medição utilizado, permitiram um aumento da imunidade do circuito de medição de corrente quanto a tais interferências ( harmônicos de alta freqüência) e,  desde o inicio de março de 2017.

Isso é surreal, deve ser por isso que o tribunal de Justiça do Rio mandou voltar aos velhos medidores. Onde esta o estatuto de defesa do consumidor, onde esta a ANEEL  e o INMETRO?
Como o incauto consumidor que compra, por exemplo; um chuveiro de controle eletrônico ou um dimmer para controlar luz da casa, a vai saber que pode pagar mais por usar estes equipamentos também homologados e vendidos no comércio em geral?

Mas eu aqui fiz um estudo dos porquês acontece isso.

A primeira coisa que vem a mente é a medição padrão usado e o que ela diz;

Em matemática, a raiz do valor quadrático médio ou RMS (do inglês root mean square) ou valor eficaz é uma medida estatística da magnitude de uma quantidade variável. Pode-se calcular para uma série de valores discretos ou para uma função variável contínua. O nome deriva do fato de que é a raiz quadrada da média aritmética dos quadrados dos valores. É um caso especial da potência média com o expoente p = 2.



Numa medição com harmônicos vai causar um erro:

Numa medição senoidal o valor vai dar correto;


Agora que vem a questão do “erro”, é muito provável que os medidores meçam de outra forma, ou seja, como os instrumentos de medição de precisão em tru-rms.

O que é a medição tru-rms?

True-rms”. “RMS” significa “root-mean- square”(raiz-média-quadrada). Vem de uma fórmula matemática que calcula o valor “efetivo” (ou valor de aquecimento) de qualquer forma de onda ac.
Equipamentos ditos TRUE RMS, são capazes de fornecer o valor RMS verdadeiro, não importando o tipo de carga e, por conseqüência, o tipo de distorção do sinal. Mas dependendo do tipo de harmônico pode marcam um pouco mais em se tratando de corrente.






Concluindo:

Em carga convencional e senoidal nenhum problema os testes foram feitos em vários lugares e até pelo INMETRO.

Mas numa rede com harmônicos...
É necessário que as autoridades tomem uma posição sobre isso, pois do outro lado temos algumas inovações tecnológicas que vieram trazer benefícios a todo público consumidor como, por exemplo;
- As novas televisões têm fonte chaveada.
- Os computadores têm fontes chaveadas,
- Os novos condicionadores de ar inverter têm acionamento chaveado.
- Alguns chuveiros têm chaveamento e controle eletrônicos.
- Os celulares têm fontes chaveadas.
- Temos outros eletrodomésticos que também podem gerar algum tipo de harmônico como o fogão de indução.
- Alguns prédios têm elevadores controlados por acionamentos eletrônicos.
- No-breaks etc.

Então é preciso que se defina primeiro que nível de harmônico permitido e depois sim o tarifamento como foi o caso do fator de potencia.

O que não pode é chegar à casa do usuário, trocar o medidor e de uma hora para outra dobrar a conta de luz.
Se for permitido o uso eletrônico, por exemplo, do controle de um chuveiro ou de um dimmer que se defina qual percentual é permitido e se exija dos fabricantes filtros que limitem os valores da distorção de um lado. Do outro lado, que se exija dos fabricantes de medidores eletrônicos que a medição só ocorra baseado no definido acima e com tempo para todos se adequarem. Lembram da mesma situação em alguns medidores de água no passado que media até o ar dos canos, pois é algo similar. É preciso que as autoridades normalizem os dois lados, o que não pode é o consumidor que é a parte mais fraca na situação pagar por isso.

Nota 1:
Aqui não estamos dizendo que todos os medidores eletrônicos medem errado, pois não conhecemos todos e suas tecnologias, e que, de alguma forma, enganem o consumidor. O que dissemos foi que os medidores usam uma outra maneira de medir diferente dos convencionais e isso sim pode causar distorções na medida.
Nota 2 :
As medições de corrente são similares as de tensão na tecnologia tru-rms.

Fontes:





Documentação fornecida pela Tecnicontrol
http://www.tecnicontrol.com.br/index.php


José Amilton