sábado, 16 de julho de 2016

Conheçam os laboratórios mais profundos do mundo

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Interessante série de artigos publicas pela revista eletrônica Inovação Tecnológica

O primeiro publicado em 12/07/2016


Laboratórios subterrâneos
Parece-lhe que, para desvendar os segredos do 
Universo, os cientistas devam sempre se voltar para 
o espaço?
Nem sempre. Na verdade, muitas vezes é melhor 
fazer o caminho inverso, mergulhando 
profundamente na Terra. Por isso, nasceram os 
laboratórios mais profundos do mundo, a maioria 
mergulhados em minas que já exploraram todo o 
minério disponível, deixando apenas um buraco - um
 buraco muito útil.
Detector Super-Kamiokande: o equipamento é constituído por um tanque de aço inoxidável com 50 mil toneladas de água. E cerca de 11 mil sensores.[Imagem: Kamioka Observatory/ICRR/University of Tokyo]

Ocorre que uma chuva de partículas subatômicas de alta energia cai constantemente sobre a Terra. Criada a partir de interações dos raios cósmicos na atmosfera superior, essa garoa invisível cria uma barulhenta radiação de fundo que obscurece as assinaturas de novas partículas ou forças que os físicos procuram.
A solução é mover os experimentos para debaixo do 
melhor guarda-chuva natural que temos: a crosta 
da Terra. Laboratórios subterrâneos, embora difíceis 
de construir e de acessar, são locais ideais para a 
observação de interações entre partículas raras. As 
rochas protegem os experimentos do chuveiro de 
partículas inoportunas, impedindo que coisas como 
múons interfiram nos resultados dos aparelhos.
Nas últimas décadas, os laboratórios subterrâneos 
de Física e Astrofísica têm sediado alguns dos 
maiores e mais complexos experimentos de 
detecção já feitos, contribuindo para importantes 
descobertas - algumas delas agraciadas com o 
Prêmio Nobel.
Nesta série de reportagens, você irá conhecer um 
pouco sobre alguns dos laboratórios mais profundos 
da Terra, a 1.000 metros ou mais abaixo da 
superfície, que estão cavando profundamente os 
segredos do Universo.
O Observatório Kamioka detecta neutrinos 
provenientes de supernovas, do Sol, da nossa 
atmosfera e de aceleradores de partículas, naturais 
ou não.
Em 2015, Takaaki Kajita recebeu o Prêmio Nobel de 
neutrinos atmosféricos, o que foi feito usando o 
experimento Super-Kamiokande - o Nobel foi 
compartilhado com o Observatório de Neutrinos de 
Sudbury, no Canadá, que você irá também 
conhecer.
O foco original do Kamioka está na compreensão da 
estabilidade da matéria, o que está sendo feito 
através de uma pesquisa sobre o decaimento 
espontâneo de prótons usando um experimento 
chamado Kamiokande. Como os neutrinos são um 
grande pano de fundo para a observação do 
decaimento do próton, o estudo dos neutrinos 
também se tornou um grande esforço do 
observatório.
Laboratórios subterrâneos têm que começar de alguma forma: Esse contêiner foi a "pedra fundamental" do Stawell. [Imagem: ARC Centre of Excellence for Particle Physics]

O SUPL está em construção na mina de ouro ainda 
ativa Stawell, em Vitória, na Austrália. Sua intenção 
principal é verificar se a quantidade de matéria 
escura em certas galáxias muda dependendo da 
posição da Terra.
O laboratório vai trabalhar em estreita colaboração 
com o Laboratório Nacional Gran Sasso, na Itália, 
que fez avanços significativos na pesquisa da 
matéria escura através de uma possível detecção 
dos WIMPs.
Como a Austrália está no Hemisfério Sul e tem 
estações opostas às da Itália, este efeito sazonal da 
matéria escura também irá testar os resultados 
obtidos na Itália para obter mais informações sobre 
os WIMPs e a matéria escura.
Na segunda reportagem, a ser publicada amanhã, 
você conhecerá outros três laboratórios 
subterrâneos.


O Segundo artigo foi publicado em 13/07/2016 como Parte II.

Este laboratório subterrâneo fica dentro da mina de 
sal e potássio Boulby, na costa nordeste da 
Inglaterra.
Seu diferencial é que, em vez de ser um laboratório 
dedicado a um tipo específico de experimento, o 
Boulby é uma instalação científica multidisciplinar, 
operada pelo Conselho de Instalações Científicas e 
Tecnológicas do Reino Unido (STFC).
Diagrama do Laboratório Subterrâneo Boulby[Imagem: STFC]
A profundidade e a infraestrutura de suporte tornam
 o laboratório multiusuário adequado para estudos 
tradicionais subterrâneos com baixo ruído de fundo, 
como as pesquisas sobre matéria escura e 
experimentos sobre raios cósmicos feitas por 
laboratórios astrofísicos dedicados.
Mas os laboratórios também servem a uma ampla 
gama de ciências além da Física, por exemplo 
Geologia e Geofísica, estudos ambientais e 
climáticos, a vida em ambientes extremos na Terra e
 o desenvolvimento de robôs espaciais, para a busca
 de formas de vida fora da Terra.
Diagrama do Observatório de Neutrinos da Índia. [Imagem: IMSC]

O INO, uma colaboração de cerca de 25 institutos e 
universidades indianos reunidos pelo Instituto Tata 
de Pesquisa Fundamental, será principalmente uma 
instalação subterrânea para a Física de alta energia 
sem aceleradores.
O observatório vai concentrar seu estudo nos 
neutrinos do múon atmosféricos usando um 
calorímetro de ferro de 50 mil toneladas - o maior 
ímã do mundo -, para medir características dessas 
partículas fugazes.
Posteriormente o INO deverá ser expandido para 
uma instalação de ciência mais geral, acolhendo 
pesquisas geológicas, biológicas e hidrológicas.

O laboratório Gran Sasso ficou conhecido do grande público com experimentos com neutrinos que poderiam ter superado a velocidade da luz - mas não o fizeram. [Imagem: LNGS]

O Laboratório Nacional de Gran Sasso, na Itália, é o 
maior laboratório subterrâneo do mundo. É um 
laboratório de Física de alta energia que realiza 
vários experimentos de longo prazo com neutrinos, 
matéria escura e experimentos astrofísicos 
nucleares.
Entre eles, merece destaque o experimento OPERA, 
que detectou os primeiros candidatos a neutrino do 
tau, que surgiram por meio de oscilações de um 
feixe de neutrinos do múon enviados por baixo da 
terra pelo CERN, na fronteira entre a França e a 
Suíça, em 2010.
Equipes do Gran Sasso também colaboram com o 
Acelerador Fermi, dos EUA. Quando atualizado, o 
experimento ICARUS do Gran Sasso irá se juntar a 
dois outros experimentos no Fermilab para procurar 
por um quarto tipo de neutrino, o neutrino estéril.



O terceiro artigo da série foi publicado em 14/07/2016 com o título de Parte III.

A Universidade de Oulu, na Finlândia, opera o 
laboratório Cupp dentro da segunda mina mais 
profunda da Europa, a Mina Pyhasalmi, de onde são 
extraídos cobre e zinco.
Como a mina deverá se exaurir até o final desta 
década, a comunidade local criou 
empreendimento 
Callio Lab (CLAB), para alugar espaço para 
instituições de pesquisas acadêmicas e industriais. 
nível principal, a 1.420 metros de profundidade, 
abriga todos os equipamentos, escritórios e 
restaurantes - além da sauna mais profunda do 
mundo.
O Cupp é um desses inquilinos e seu experimento 
principal é o EMMA (Experiment with MultiMuon 
Array), projetado para estudar os raios cósmicos e 
múons de alta energia que atravessam a Terra, em 
busca de uma melhor compreensão das interações 
entre as partículas atmosféricas e cósmicas.
O Cupp também realiza algumas medições do fluxo 
de múons e faz pesquisas sobre radiocarbono para 
os futuros cintiladores líquidos que serão instalados 
no laboratório 2, a 1.430 metros de profundidade.
Há múltiplos níveis na mina de Pyhasalmi que poderão ser utilizadas como laboratórios.[Imagem: CUPP]

Pesquisadores brasileiros foram convidados para participar do experimento DUNE sobre neutrinos, que será instalado no Sanford. [Imagem: Sanford Lab]

O Sanford Lab é o mais profundo laboratório de física
 subterrâneo dos Estados Unidos e está na antiga 
Mina de Ouro Homestake, em Dakota do Sul. Foi lá 
que Ray Davis fez sua experiência com neutrinos 
solares, que usou um fluido de limpeza a seco para 
contar neutrinos do Sol, o que lhe valeu o Prêmio 
Nobel de Física em 2002.
O experimento encontrou apenas um terço dos 
neutrinos que se esperava, um resultado que passou
 a ser conhecido como o "problema do neutrino 
solar". Em 1998, o Kamioka e o SNO descobriram 
as oscilações dos neutrinos, que provou que os 
neutrinos mudavam de um tipo para outro conforme 
viajam até a Terra.
A instalação abriga agora o experimento LUX, que 
está procurando a matéria escura), o Demonstrador 
Majorana, que pesquisa as propriedades dos 
neutrinos) e estudos geológicos, de engenharia e 
biológicos.
O Sanford Lab também será a sede do DUNE (Deep 
Underground Neutrino Experiment), que usará 
detectores cheios com 70.000 toneladas de argônio 
líquido para estudar neutrinos enviados através da 
terra pelo Fermilab, a 1.480 km de distância.
Localizado em Modane, na França, acessível a partir 
do meio do túnel rodoviário de Fréjus, o laboratório 
multidisciplinar hospeda experimentos em física de 
partículas, nuclear e astrofísica, ciências ambientais, 
biologia e nano e microeletrônica.
As principais atividades de física fundamental do 
Modane Lab incluem o SuperNEMO e o Edelweiss, 
que estudam a física dos neutrinos e tentam detectar
 a matéria escura, respectivamente.
O laboratório também abriga experimentos 
internacionais em colaboração com o Instituto 
Conjunto de Pesquisa Nuclear, em Dubna, na Rússia 
e com a Universidade Técnica Checa, em Praga.

O quarto artigo foi publicado em 15/07/2016 com o título de IV Parte.


Escondido sob as montanhas do Cáucaso e ao lado 
do rio Baksan, o BNO começou a funcionar como 
um dos primeiros observatórios de física de 
partículas subterrâneos na então União Soviética.
Como outras instalações subterrâneas, o BNO queria reduzir a quantidade de radiação de fundo tanto quanto possível. Para isso, a localização do laboratório não é apenas subterrânea, mas também o mais distante possível de reatores nucleares, outra fonte de ruído de fundo para os experimentos.
Os experimentos de neutrinos atualmente 
conduzidos no BNO são o SAGE (Experimento 
Soviético-Americano de Gálio), o BUST (Telescópio 
Subterrâneo de Cintilação Baksan) e o ainda em 
construção BEST (Experimento Baksan em 
Transições Estéreis). Há também uma nova busca 
por partículas hipotéticas chamados áxions
candidatos a átomos da matéria escura.
O Brasil participa do Laboratório ANDES, que busca compreender os raios cósmicos e os neutrinos. [Imagem: AndesLab]

Situado nas montanhas na fronteira do Chile com a 
Argentina, o ANDES irá estudar neutrinos e matéria 
escura, bem como placas tectônicas, biologia, 
astrofísica nuclear e o meio ambiente. Junto com o 
SUPL, é um dos dois únicos laboratórios 
subterrâneos profundos no Hemisfério Sul.
O ANDES é um laboratório internacional, e não 
apenas uma série de experimentos internacionais. 
Ele se tornará o lar de um grande detector de 
neutrinos e pretende detectar neutrinos de 
supernovas e geoneutrinos, complementando os 
resultados dos laboratórios do Hemisfério Norte.
Sua localização é ideal, já que está longe de 
instalações nucleares e ficará bem fundo nas 
montanhas, o que ajuda a reduzir o ruído de fundo.
O SNOLAB funciona em uma mina de níquel ainda 
em operação em Ontário, no Canadá. A instalação de
 5.000 m2 inteira é uma sala limpa classe 2000, 
com menos de 2.000 partículas por pé cúbico.
Isto é necessário para os instrumentos altamente 
sensíveis que pesquisam a matéria escura e os 
neutrinos. Entre eles estão DEAP-3600, PICO, 
HALO, MiniCLEAN e SNO+. Os cientistas também 
planejam instalar lá o SuperCDMS, a próxima 
geração de caçador da matéria escura.
descoberta da oscilação de neutrinos - descoberta 
feita em 1998 - no Observatório de Neutrinos de 
Sudbury, o antecessor do SNOLAB. O Prêmio Nobel 
foi compartilhado com o Observatório Kamioka no 
Japão, por seu experimento com neutrinos Super-K.

O CJPL (China Jinping Underground Laboratory) é o 
laboratório de física mais profundo do mundo, 
escondido dentro da montanha Jinping, na província 
de Sichuan, no sudoeste da China.
O local é ideal para um baixo fluxo de múons de 
raios cósmicos, o que significa que a instalação tem 
muito menos ruído por radiação de fundo do que 
vários outros laboratórios subterrâneos. E como a 
instalação é construída sob uma montanha, há 
acesso horizontal (para coisas como veículos) em 
vez de acesso vertical (através de um poço de 
mina).
Dois experimentos alojados na instalação estão 
tentando detectar diretamente a matéria escura: o 
CDEX (China Dark Matter Experiment) e o PandaX. 
CJPL também irá observar neutrinos provenientes 
de diferentes fontes, como o Sol, Terra, atmosfera, 
explosões de supernovas e eventual aniquilação de 
matéria escura, na esperança de entender melhor 
as propriedades dessas partículas elusivas.
Nos próximos meses, um estudo de física 
astronuclear e um protótipo de uma tonelada de um 
detector de neutrinos serão instalados no CJPL-II.

Fontes :





J.A.